O Primeiro Blog de Todos os Tempos!

Antigo FBAUP, FBAUP404

sábado, agosto 05, 2006

Agora Escolha...




quinta-feira, agosto 03, 2006

Dizia-se por aqui: -Eu só quero chegar aos dezoito. A partir daí é bónus...

Aproveito o espírito do bairro, pouso os cotovelos nos braços torneados da cadeira e confio naquela coisa. Escrever em frente sem conclusão à vista. Como exercício menos que como desabafo, mas como exercício.
Lá atrás, aqui atrás do meu prédio eu e Zé estivemos a admirar as rachas na tinta branca que o 1º andar (do qual todos pinchámos nos anos noventa) já adquiriu. Chegámos a questionar se seria da má construção e, sabendo que há edíficios com 200 anos bem aparentados, não seria mau ponto de chegada. Foi ponto de partida e logo compreendemos que não era do empreiteiro. Nós é que estamos a envelhecer.
Havia nas traseiras do meu prédio um monte. O Monte do Grupo das Cabanas. Era uma montanha de entulho e terra barrenta que servia para cobrir os alicerces que hoje sustentam o que na altura eram "As Obras". Pois nós éramos daqueles que íamos brincar para "As Obras". Lembro-me que antes de montarem o primeiro andar víamos a Serra da Estrela da janela do nosso quarto.
Antes de saltarmos do primeiro andar para um monte de areia com quase o dobro da nossa altura, antes mesmo de alicerçarem o rés-do-chão ou as garagens, o Grupo das Cabanas tinha um lago onde podiam existir monstros longínquos. No Inverno fazia-se gelo nesse lago que o Joka furou um dia. Sacudiu a lama e foi mudar de roupa. Acho. Era um lago com 100 metros. Aos meus olhos de agora não passaria a dúzia. E digo-vos que se aquilo não fosse tão castanho, lá tinha nadado como se fosse um oceano sem fundo visível. Por tanto quanto eu sabia, podia ali estar a Fossa das Marianas. Nesse buraco construíu-se a casa para a qual o Aguiar foi morar, essa grande aquisição futebolística que muitas assistências me cedeu. Qual Cristiano qual Ronaldinho, marcou dos melhores golos que vi na vida. Lembro-me das sete e meia oito horas em que as mães e os pais vinham às janelas e marquises chamar para jantar. -Só mais um bocadinho... Essa vontade de estar fora, na aventura, ainda a tenho assim como as marquises não arredam pé.
Antes, fora desse lago-buraco, com os paldares dos tijolos erguíamos quatro ou oito paredes (uma vez 16) e com a palha seca do verão alcatifávamos as assoalhadas. Lá não chovia quanado cobríamos tudo com plásticos. Tínhamos um cão no bairro. Fomos o primeiro grupo, que eu saiba, a adoptar um animal de rua, na rua. Muito antes de serrarmos a primeira quarter-pipe que usei, fizémos uma casota que entre os estacionamentos durou mais anos destruída por um vizinho, que em pé encostada à garagem dele. E as boladas nas portas das garagens e os afundanços na porta da minha? Quando foram? Durante as corridas de skate e bicicleta e entre os intervalos para beber água.
Às onze da noite ouvíamos gente nos campos da escola a jogar à bola e íamos lá ter. Às onze da manhã também e íamos lá ter. Comíamos mini-milks no Latinos bar. E o primeiro caracol que saborei foi-me dado pela bela Bibi. E Nintendos e Master-Systems. E fogueiras para cozer batatas em panelas velhas. Tínhamos sal mas acho que não chegaram a cozer. Fogueiras! F-O-G-U-E-I-R-A-S-!
Fazíamos fogueiras a cinco passos da actual Escola de Condução Triunfo! Bora ver os Thundercats e o Agora Escolha! Já chegou a Mega Drive. E a bola furou-se atropelada por um camionista de propósitooo... E...
Tanto, tanto. Tanto... e muito mais.
João Alves Marrucho

terça-feira, agosto 01, 2006

Citação

Uma perspectiva velha, madura, sobre o novo. Gostei muito, e apesar ser díficil encontrar rotinas, vou tentar fazer uma nova. Ao trabalho.

"Sábio é quem monotoniza a existência, pois então cada pequeno incidente tem um privilégio de maravilha. O caçador de leões não tem aventura para além do terceiro leão. Para o meu cozinheiro monótono uma cena de bofetadas na rua tem sempre qualquer coisa de apocalipse modesto. Quem nunca saiu de Lisboa viaja no infinito no carro até Benfica, e, se um dia vai a Sintra, sente que viajou até Marte. O viajante que percorreu toda a terra não encontra de cinco mil milhas em diante novidade, porque encontra só coisas novas; outra vez a novidade, a velhice do eterno novo, mas o conceito abstracto de novidade ficou no mar com a segunda delas."