Novos flyers do Passos Manuel
Quando eu desenhei (Outubro e Novembro de 2006) a parafernália gráfica para o Passos, gostava que alguém tivesse tido a coragem para criticar, construtiva ou destrutivamente, o resultado final. Assim não aconteceu, e até hoje não me chegou, e acreditem que procurei, uma posição fixada, gravada sobre o curto trabalho que desenvolvi. Ouvi muitos comentários, mas ao fim algum tempo começaram a saber a dejá vu, até porque apenas me refiro a 2 cartazes (ou 8 flyers), e disso não dá para fazer 50 conversas estimulantes. A escrita permite, poupar saliva e contribuir para a formação do produto cultural do Porto de modo concreto. E é por isso, caros leitores, que aqui publico uma pequena abordagem crítica aos desdobráveis que representam o espaço nelito. Ele começa já a ser o mais importante ponto de referência noctívaga construído pelo e para o público activo desta cidade.
Formato A4 dobrado em 4, impressão bilateral CMYK + K, são opções de baixo risco e acho que se perde um campo da acção criativa do designer para uma solução neutra de tão banal. A coordenação desta opção com o papel escolhido para suporte não cativa a pessoa que sai à noite. E isso é mau. As duas coisas em conjunto até podiam resultar se a linguagem assumida fosse aparentada ou baseada num formato de capa de TVGuia. É esse o toque do objecto, o de panfleto da Pizza Hut. Mas não foi esta a abordagem escolhida pelo D.er João Cruz, nem seria no meu entender a melhor... No entanto, melhor que esta certamente, porque o formato Poster A4, é digno da Bravo, e a fusão de grelha de papel de carta com página de revista não ensina o leitor a compreender, à primeira, a função do coiso. Mas isso não é nada que não passe com o tempo. Não é é eficaz agora. É só mais um modo.
A ideia que mais me agrada, são as novas notas de rodapé, pequenos resumos da natureza de alguns eventos, que se encontram bem diferentes da programação. Mas a cor faz tanta falta para comunicar! Também acho que as barras cinzentas são insuficientes para que em poucos segundos se consiga perceber que os blocos estão separados por semanas. E por importância... Às tantas foi propositado mas é nestas situações que se deve assumir a opção, e não no orgulho do erro. A luminosidade das datas e a proximidade das noites intermédias com a data anterior e posterior não facilita nada o imediatismo que o objecto deve ter. Por outras palavras: O Nuno Coelho toca sábado ou sexta? Nada que impeça um leitor interessado e com três neurónios de descodificar as datas em cerca d'um minuto. A ligeira gradação do branco (1%K?) para o cinzento muito claro (3%, 4%, 5%?) foi completamente estragada porque, imagino, os tipos da gráfica estavam sob pressão, e não deixaram secar a tinta antes do corte e, azar dos azares, temos degradés indesejados nas margens. Felizmente poucos notam.
Apesar de tudo, o lado tipografado é muito bonito. Um tique geracional a mais, outro a menos... mas bem feito. Um pequeno senão para o espaço entre as letras que me parece insuficiente (afinal as caixas altas não têm formas tão distitas como as minúsculas). O entrelinhamento é bem conseguido nas sinopses mas mais algum coisinho (não sei bem o quê) em cima não empobrecia a mancha gráfica. A imagem tem alguma força mas nada como uma cena à séria, como um tralho de bicicleta:
Achei pertinente o Ana na Noite CDR estar alguns dias à frente mas não compreendo porque é os outros a seguir também estão à frente no tempo... Afinal de contas eu é que tenho as botas do futuro! Bem João, se não leres isto até ao final da semana envio-te para o e-mail.
Abraço,
JAM
Formato A4 dobrado em 4, impressão bilateral CMYK + K, são opções de baixo risco e acho que se perde um campo da acção criativa do designer para uma solução neutra de tão banal. A coordenação desta opção com o papel escolhido para suporte não cativa a pessoa que sai à noite. E isso é mau. As duas coisas em conjunto até podiam resultar se a linguagem assumida fosse aparentada ou baseada num formato de capa de TVGuia. É esse o toque do objecto, o de panfleto da Pizza Hut. Mas não foi esta a abordagem escolhida pelo D.er João Cruz, nem seria no meu entender a melhor... No entanto, melhor que esta certamente, porque o formato Poster A4, é digno da Bravo, e a fusão de grelha de papel de carta com página de revista não ensina o leitor a compreender, à primeira, a função do coiso. Mas isso não é nada que não passe com o tempo. Não é é eficaz agora. É só mais um modo.
A ideia que mais me agrada, são as novas notas de rodapé, pequenos resumos da natureza de alguns eventos, que se encontram bem diferentes da programação. Mas a cor faz tanta falta para comunicar! Também acho que as barras cinzentas são insuficientes para que em poucos segundos se consiga perceber que os blocos estão separados por semanas. E por importância... Às tantas foi propositado mas é nestas situações que se deve assumir a opção, e não no orgulho do erro. A luminosidade das datas e a proximidade das noites intermédias com a data anterior e posterior não facilita nada o imediatismo que o objecto deve ter. Por outras palavras: O Nuno Coelho toca sábado ou sexta? Nada que impeça um leitor interessado e com três neurónios de descodificar as datas em cerca d'um minuto. A ligeira gradação do branco (1%K?) para o cinzento muito claro (3%, 4%, 5%?) foi completamente estragada porque, imagino, os tipos da gráfica estavam sob pressão, e não deixaram secar a tinta antes do corte e, azar dos azares, temos degradés indesejados nas margens. Felizmente poucos notam.
Apesar de tudo, o lado tipografado é muito bonito. Um tique geracional a mais, outro a menos... mas bem feito. Um pequeno senão para o espaço entre as letras que me parece insuficiente (afinal as caixas altas não têm formas tão distitas como as minúsculas). O entrelinhamento é bem conseguido nas sinopses mas mais algum coisinho (não sei bem o quê) em cima não empobrecia a mancha gráfica. A imagem tem alguma força mas nada como uma cena à séria, como um tralho de bicicleta:
Achei pertinente o Ana na Noite CDR estar alguns dias à frente mas não compreendo porque é os outros a seguir também estão à frente no tempo... Afinal de contas eu é que tenho as botas do futuro! Bem João, se não leres isto até ao final da semana envio-te para o e-mail.
Abraço,
JAM
13 Comments:
ola. ja li o texto mas ainda nao vi o flyer impresso. assim a primeira vista parece-me bastante bem, acho que era exactamente o que queria que saisse: 4 dum lado e uma do outro, papel de revista, formato A4 dobrado em quatro, ja sabes o A4 e o 'novo preto'. assim mesmo tipo poster adolescente. confesso que 4 e zero, por ex., num formato um pouco maior que nao sei o que, cortado em quatro e uma coisa que rossa o genial, mas ja sabes, ja la estive, ja fiz a coisa. ultrapassando um pouco estas banalidades que faz com que um texto pareca uma 'critica' de design, tipo… uhhh! o tipo deve perceber da coisa! cmyk + k e etc. e tal. o mais interessante sera talvez discutir um pouco esta coisa do objecto flyer como manifestacao social. a questao central sera: whats a fucking flyer? e como sabes eu pessoalmente tenho uma ideia muita precisa do que a coisa deve ser. um flyer deve antes de tudo comunicar as datas das cenas, deve poder ler-se. tá-se mesmo a ver! nao um flyer nao deve fazer isso, de facto um flyer nada tem a ver com isso, eu duvido mesmo que a coisa se inscreva numa ideia de 'design' de 'comunicacao', como se por exemplo uma tag devesse comunicar efectivamente o que quer que fosse e nao a personalidade do proprio tagger que nada mais e que um fenomeno complexo de interaccao como o fenomeno mais vasto onde se inscreve. um flyer deve ter la as datas…
(onde se le rossa deve ler-se roca ;) os protagonistas dos eventos, e sobretudo, imho, tambem os dias da semana que fundamentalmente e o que mais me interessa quando quero sair a noite. meio neuronio e suficiente para descodificar a coisa e mais importante de tudo e bom que haja qualquer coisa para descodificar caso contrario a coisa torna-se rapidamente banal, mas ambos sabemos isso perfeitamente. um flyer sera entao antes de mais um objecto que cai fora dos canones da comunicacao lida como eficacia, legibilidade, etc. antes de tudo deve criar hype, o mais importante num flyer sera o proprio flyer e a cultura onde se inscreve (nao o designer, nao a legibilidade, nao a 'comunicacao'), uma especie de culto da personalidade, incrito no proprio flyer e que reverte a favor de quem o patrocina, a casa, o bar, o sito, etc. mas ambos sabemos isso, certo? o culto da personalidade do proprio espaco manuel, e essa a ideia que importa passar, porque de resto vais la porque o teu amigo, o tal do meio neuronio, te disse, and thats it. nao vou comentar os saltos no futuro de que falas, acho que a coisa e bastante obvia. erros de impressao, guilhotina em tinta fresca, confesso que aprecio ;) faz parte da materialidade da coisa. entetanto nalgumas notas soltas sobre escolhas, a ideia era sobretudo usar fotografia como fotografia e efectuar uma separacao objectiva entre texto e imagem. texto para um lado, imagem para o outro. a imagem nao e minha e tem impacto, era isso que queria e e isso que la esta e estara no futuro. a ideia de usar enquadramentos que remetam para a abstraccao, neste caso o grande plano ou plano de pormenor em detrimento de um enquadramento mais aberto visa criar uma ideia de materialidade excessiva, neste caso pele e expressao, e estabelecer uma linha de continuidade com o trabalho do mc e de resto com o teu, onde forma e cor se desenvolvem em multiplas articulacoes de caracter mais ou menos abstracto. a ideia foi aplicar a mesma estrategia mas com imagem, esta ideia tera continuidade e articular-se-a com as pp a desenvolver mensalmente para a dif. neste caso foi importante que o texto/programacao passasse para as costas do objecto e a uma cor, o facto de uma cor ser mais barata que 4 ja nem sequer e especialmente relevante hoje em dia. e so relevante o suficiente e a mim o preto nao me assusta, e a preto and thats it. sim na verdade e um pequeno poster dobrado em 4, o que lhe permite voar e sobretudo caber no bolso das calca onde se amarrotara e se tudo correr bem, criara uns belos vincos sobre a cor que trespassarao para o verso, no calor do hardfloor, mais tarde indo desfazer-se nas entranhas da maquina de lavar de onde saira em fanicos. e isso que eu quero que aconteca aos meus flyers, que circulem e perecam em bolso de jeans, tu nao? um abraco. joao cruz (o resto da discussao a prosseguir live ;)
Olá! confesso que 4 é zero, por ex., num formato um pouco maior que nao sei o que, cortado em quatro e uma coisa que rossa o genial, mas ja sabes, ja la estive, ja fiz a coisa. ultrapassando um pouco estas banalidades que faz com que um texto pareca uma 'critica' de design, tipo… uhhh! o tipo deve perceber da coisa! cmyk + k e etc.
Teve muita graça, esta. Mesmo. Sabes, andei a estudar numa escola de design e vi uns orçamentos dumas gráficas,,, e uns flyers do Aniki. E fiquei assim.;)
Depois de tanta confiança na tua explicação do cenas continuo a achar que havia melhores soluções. Um papel mais fino, posters mais Teen, sei lá, até à transparência... intepretar a coisa... E desde quando é que um flyer não é para se poder ler e para comunicar a existência de eventos? Desde de quando é que serve apenas estragar máquinas de lavar roupa e encher caixotes do lixo? ...
um flyer sera entao antes de mais um objecto que cai fora dos canones da comunicacao lida como eficacia, legibilidade, etc. antes de tudo deve criar hype, o mais importante num flyer sera o proprio flyer e a cultura onde se inscreve (nao o designer, nao a legibilidade, nao a 'comunicacao')
O flyer não é um objecto fora dos meandros comunicativos. Talvez fosse quando só houvesse receptor e produtor sem meio. Um flyer deve criar hype, sim! E porque não dizer alguma coisa sobre o designer que o fez, sobre o cliente, sobre o ambiente das festas que anuncia. Ao contrário duma etiqueta o flyer é regional, existe em menor quantidade e pode ser bem mais complexo. Mas se era essa a ideia, o tag, onde está o ícone? Vamos ter caras e peles até ao fim?
a ideia era sobretudo usar fotografia como fotografia e efectuar uma separacao objectiva entre texto e imagem. texto para um lado, imagem para o outro.
Um trabalho bem bom sobre o tema!\
estabelecer uma linha de continuidade com o trabalho do mc e de resto com o teu, onde forma e cor se desenvolvem em multiplas articulacoes de caracter mais ou menos abstracto. a ideia foi aplicar a mesma estrategia mas com imagem, esta ideia tera continuidade e articular-se-a com as pp a desenvolver mensalmente para a dif.
Isto não é muito palpável... Mas fico à espera das páginas da revista... o meio que mais tem falhado nas últimas décadas a por gente na pista. Sabes o que vai ficar bonito mesmo são as rugas de expressão com os vincos, tu sabes. Ainda assim, sem um papel muito fino, já dizia o tipo da bengala em forma de tridente, avizinham-se tempos difíceis para o designer seguinte... UOaaHa Ha Ha Ha Ha Ha Ha ha!
Até breve e bom trabalho!
Abraço, JAM
o pa, a diferenca entre o italico e o regular nao se le um corno a verde alem disso o meu texto esta mesmo em cima e nao noutro sitio qualquer. percebes a coisa? ou isso ou falarmos do que realmente interessa. e claro que comunica os eventos e as datas e os genios que la actuam e etc. e tal. o que eu quero dizer e que a coisa se inscreve noutro tipo de prioridades, a comunicacao 8anatema9 nao e a primeira. assim como a coisa artistica cuja ambicao nao e em primeira mao comunicar, o flyer, imho, e antes de tudo discurso, o seu referente e ele proprio e nao propriamente a comunicacao, ou melhor, em primeiro lugar a comunicacao. claro que tambem podes chamar comunicacao a tudo e mais alguma coisa, mesmo ao seu oposto, alias, por isso e que a coisa estava entre ' '. o flyer pode e deve ler-se, e como dizes bem, e uma manifestacao local, se essa coisa da localidade das coisas existe realmente. os universos sao hoje de tal modo permeaveis que o que eu afirmo no meu texto, ironias a parte, e afirmo tambem no flyer 8texto9, e que nao existe um canone facilmente aplicavel a algo tao efemero ou que pelo menos as duas coisas se repudiam mutuamente ou se mesclam como preferires. eu afirmo que estes objecto sao discurso e se referem a si proprios e ao seu universo. um universo de equivocos, efemeridade, mal-entendidos, maquinas de lavar e caixotes do lixo. rave on! joao cruz
Rave on! it's just a fucking flyer...\abraço forte miúdo.
com todo o respeito
Emos. Srs D.ers:
Olá,
Gostei muito das explicações que li, sobretudo aquelas mais técnicas para enganar meninos pequeninos e tentar esconder (ou revelar) o facto: O FLYER NÂO FUNCIONA!Lamento imenso... Não engulo a ideia de poster adolescente porque nem o formato nem o papel são adequados, a solução tipográfica, embora tique engraçado geracional, está mal resolvida e complica bastante a eficácia da leitura, a ideia de usar a fotografia como fotografia em oposição ao texto é fixe mas isso é o que todos fazem (já para não falar que a menina se identifica facilmente e torna a coisa ainda mais...estranha), pretendia-se criar uma linha de continuidade com o trabalho do mc e do Marrucho??e essa continuidade de que falas está no carácter !abstracto! da coisa? não seria mais adequado falar de descontinuidade? De personalidades diferentes que criam os "seus flyers" sem pensar em divulgar o próprio espaço que, embora o desejem, não se faz apenas da vossa presença e dos bolsos das vossas calças!
**s
Anita
óh, mas que brilhantismo ó anita. já agora fiquei curiosa, mostre lá a estes senhores como é que a coisa se faz. vá lá um linkezito do que faz para ganhar o pão nosso de cada dia…
Não estou aqui para ser brilhante ou calçar as botas do futuro...apenas para ser sincera.
Anita
ui! wtf! está anita é suprendente, ela num está aqui para ser brilhante, ó carago, ainda num tínhamos notado. é que se pudessemos ver as tuas cenas a funcionar assim também podiamos ser assim sinceras contigo. num era?
compra um dicionário!
"que criam os "seus flyers" sem pensar em divulgar o próprio espaço"
Discordo.
genial, é um designer que sabe tanto, não saber fotografar um simples flyer.
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