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quarta-feira, junho 27, 2007
terça-feira, junho 26, 2007
quinta-feira, junho 21, 2007
terça-feira, junho 19, 2007
A Negociação
PAI - Filho, escolhi uma rapariga óptima para tu te casares.
FILHO - Mas, pai, eu prefiro escolher a minha própria mulher.
PAI - Filho, ela é filha do Bill Gates.
FILHO - Bem, nesse caso eu aceito.
O pai negociador vai ter com Bill Gates.
PAI - Bill, eu tenho o marido perfeito para a tua filha.
BILL GATES - Mas a minha filha é muito jovem para casar.
PAI - Mas este jovem é vice-presidente do Banco Mundial.
BILL GATES - Nesse caso, tudo bem.
Finalmente, o pai negociador vai ter com o Presidente do Banco Mundial.
PAI - Sr.Presidente, eu tenho um jovem recomendado para ser vice-presidente
do Banco Mundial.
PRES. BANCO MUNDIAL - Mas eu já tenho muitos vice-presidentes, inclusivé
mais do que o necessário.
PAI - Mas, Sr. Presidente, este jovem é genro do Bill Gates.
PRES. BANCO MUNDIAL - Nesse caso, ele pode começar amanhã mesmo.
FILHO - Mas, pai, eu prefiro escolher a minha própria mulher.
PAI - Filho, ela é filha do Bill Gates.
FILHO - Bem, nesse caso eu aceito.
O pai negociador vai ter com Bill Gates.
PAI - Bill, eu tenho o marido perfeito para a tua filha.
BILL GATES - Mas a minha filha é muito jovem para casar.
PAI - Mas este jovem é vice-presidente do Banco Mundial.
BILL GATES - Nesse caso, tudo bem.
Finalmente, o pai negociador vai ter com o Presidente do Banco Mundial.
PAI - Sr.Presidente, eu tenho um jovem recomendado para ser vice-presidente
do Banco Mundial.
PRES. BANCO MUNDIAL - Mas eu já tenho muitos vice-presidentes, inclusivé
mais do que o necessário.
PAI - Mas, Sr. Presidente, este jovem é genro do Bill Gates.
PRES. BANCO MUNDIAL - Nesse caso, ele pode começar amanhã mesmo.
segunda-feira, junho 18, 2007
domingo, junho 17, 2007
sábado, junho 16, 2007
quinta-feira, junho 14, 2007
terça-feira, junho 12, 2007
A crítica ou acrítica?
Gostaria de começar a minha apresentação pelas questões que me preocupam no âmbito da crítica de arte, dos seus propósitos e das suas possíveis concretizações.
A crítica, antes de ser qualquer outra coisa, é fruto da necessidade que o homem tem de conhecer o objecto que analisa. É um reflexo do interesse que nutriu por este. Digamos que ninguém se dá ao trabalho de criticar aquilo que não lhe interessa (a menos que seja masoquista ou tenha qualquer outra perturbação de índole psiquiátrico).
Por isso, esta forma de equacionar o mundo, a crítica, nunca pode esquecer que nasce de um interesse por outra coisa que não ela própria, que existe desde a sua criação um altruísmo verdadeiro, caso contrário pode estar condenada a cair no erro e descrédito, não passando de uma pretensão maliciosa.
Ela é uma das respostas às inquietações levantadas pelo objecto de análise, é a manifestação de um interesse quase religioso pelo sujeito do culto: o Deus-forma.
As questões que levanto são (ou pelo menos tentam ser) a base do processo da crítica, questões essas que não se prendem na analise do objecto artístico mas sim no motivo ou a génese da necessidade dessa analise e como ele, dentro dela própria, funciona.
Faço-o porque, enquanto criador, sou também profundamente crítico em relação ao meu próprio trabalho e ao que me rodeia.
“A crítica mais interessante e fértil é justamente aquela que na relação com o criticado compreende as fronteiras da sua própria perspectiva.(...) A crítica só tem um significado critico razoável: é consciência afectiva de limites.” ; pertence a uma “condição ficcional que se instala, ou mesmo se institucionaliza, num lugar de juízos determinantes”.
Quando esta se desloca da sua essência “secundária e dependente das obras, adquire a forma de actividade em si dando lugar a esse monstro que é a Crítica”.
“O exercício crítico não tem mais garantias que o criador. Tem menos, pois depende dele”.
“Com a verificação positiva desta impotência histórica não é o exercício crítico que finda e perde direito à existência. É apenas o mito da crítica e de homens que por direito divino encarnam essa excelsa aptidão”.
A tecla da subjectividade é accionada como parte integrante de todo o processo crítico. Não podemos esperar nunca uma objectividade crítica, pois ela tem dentro de si uma barreira que a impede de o ser. Ou seja, a crítica é sempre tão subjectiva como os pressupostos da obra, visto que “o ser da crítica não é mais que a sombra do ser literário, embora esta sombra não seja criada do exterior”. Entenda-se a palavra sombra como um adjectivo da subjectividade. A crítica é a “sombra de uma sombra”. Se substituirmos a palavra sombra por subjectividade temos: é a subjectividade de uma subjectividade. (Na linha do pensamento matemático mais elementar que nos diz que só 1 maçã + 1 maçã = a 2 maçãs). Neste sentido é como que o seguimento da génese do seu progenitor: “the meaning of a poem can only be a poem, but another poem, not a poem itself”. Tão simples quanto o reflexo no espelho de uma maçã torta só pode ser uma outra maçã torta.
Mas a sua coexistência não é assim tão direccionada, pois ambas dependem directamente uma da outra, se assumirmos que todo o processo criativo é comunicativo, temos que abordar sempre estes três factores essenciais e insubstituíveis: o emissor, o receptor e a mensagem (para já não falar nas subcategorias como o canal, a sintaxe, a semântica, o código, etc). No caso da superfície reflectora ser um espelho defeituoso, a imagem da maçã aparecerá distorcida não pela origem mas pelo objecto que a distorce.
A crítica deverá pôr sempre “a hipótese de que cada nova leitura possa implicar uma redescrição da obra. É necessário constatar que as obras por vezes constituem um processo de aparecimento/desaparecimento”. Não são de forma alguma coisas estanques no tempo. Implicam a noção do Devir. “A descrição é sempre posterior à hipótese interpretativa”, o que nos leva a admitir que a função da crítica não é a de apenas descrever.
Humberto Eco escreve: “Isolar estruturas formais significa reconhecê-las como pertinentes em função de uma hipótese global que se antecipa a propósito da obra; toda a análise dos aspectos significantes pertinentes supõem já uma interpretação”.
Esta frase é demonstrativa da repulsa que deve existir em relação à crítica que se baseia na simples descrição dos acontecimentos existentes dentro da obra. Tods estas afirmações prolongam a noção de obra aberta.
“O que define quais traços gramaticais são pertinentes enquanto traços estilísticos só pode ser uma hipótese de interpretação global que se antecipa à própria descrição da obra. É por isso que não faz sentido falarmos em descrição objectiva sem termos em conta que a descrição é sempre posterior à hipótese interpretativa”.
Panovsky: “Qualquer descrição deverá, num certo sentido, antes mesmo de ter começado, inverter a significação dos factores de representação puramente formais para fazer deles símbolos de algo que é representado. A partir daí, e faça o que fizer, a descrição abandona uma esfera puramente formal, para se elevar a nível de uma região de sentido”.
A crítica tem a árdua tarefa de converter os objectos na sua forma conceptual inicial, pois não serão as palavras que correspondem às imagens mas as palavras que correspondem às palavras que as imagens correspondem.
“A crítica é, por assim dizer, um experimento com a obra de arte, o que a faz reflectir sobre si mesma e a conduz à autoconsciência e ao autoconhecimento. (...) O sujeito da reflexão é, no fundo, a própria obra de arte, e o experimento não consiste na reflexão sobre a obra, reflexão esta que não poderia mudá-la na essência, conforme o espírito da crítica da arte romântica e sim na reflexão dentro da obra, no desdobramento da reflexão, o que significa, para o romântico, desdobramento do espírito”.
Ou seja, a crítica, pertencendo ao intrincado processo comunicativo da criação, é também ela aberta, estando dessa forma em sintonia com o objecto de análise. Ela faz parte da descoberta interior da própria obra. Deverá funcionar como uma prótese que não substituindo, vem acrescentar mais valias a esta.
Segundo Valéry, “o objecto de um verdadeiro crítico deveria ser descobrir que problema o autor, sabendo-o ou não, colocou e procurar se ele o resolveu ou não”.
A crítica nunca deverá esquecer a sua principal vertente de questionamento, que se sobrepõe a juízos de valor, ou qualquer outro tipo de questões de carácter particularmente subjectivo e possivelmente castrador.
Para finalizar, no meu entender, a crítica refugiou-se num savoir faire que passa demasiado por questões linguísticas que estão demasiado fechadas em si mesmas, esquecendo que o seu propósito inicial é constituído por questões conceptuais que são tratadas dentro da própria forma plástica (ou qualquer outra), e que mais do que simples palavras, devem ser palavras que evocam formas diferentes delas.
De um livro sobre Retórica: “A retórica clássica, a arte de bem falar, ou seja, a arte de falar (ou escrever) de forma persuasiva, propunha-se a estudar os meios discursivos de acção sobre um auditório, visando ganhar ou acrescentar a sua adesão às teses que lhe eram submetidas.(...) todos estavam de acordo sobre o facto que é a superioridade do saber que confere qualidades para as funções dirigentes, mas será forçoso confiar ao bom orador ou ao dialéctico realizado o tratamento dos assuntos políticos?”.
Esta questão parece-me importante porque me suscitou dúvidas sobre o possível papel da crítica da arte de hoje, que se vê muitas vezes sujeita às regras de mercado e, como tal, obedece a critérios de persuasão e marketing muito complexos. Faz tudo parte do mesmo saco, e parece que, de facto, a crítica é corrompida por esse sistema, não cumprindo dessa forma o papel para a qual foi tão nobremente criada. Ela torna-se muitas vezes uma questão de retórica, de dar rebuçados fora do prazo a crianças com os dentes muito corrompidos por cáries. “O orador educava os seus discípulos para a vida activa da cidade: propunha-se formar homens políticos ponderados, capazes de intervir de forma eficaz tanto nas deliberações políticas como numa acção judicial (...)”.
Mas tudo isto são críticas que ficam no ar...
Hugo Santos (algures no espaço/tempo) - "State of the art" #002
A crítica, antes de ser qualquer outra coisa, é fruto da necessidade que o homem tem de conhecer o objecto que analisa. É um reflexo do interesse que nutriu por este. Digamos que ninguém se dá ao trabalho de criticar aquilo que não lhe interessa (a menos que seja masoquista ou tenha qualquer outra perturbação de índole psiquiátrico).
Por isso, esta forma de equacionar o mundo, a crítica, nunca pode esquecer que nasce de um interesse por outra coisa que não ela própria, que existe desde a sua criação um altruísmo verdadeiro, caso contrário pode estar condenada a cair no erro e descrédito, não passando de uma pretensão maliciosa.
Ela é uma das respostas às inquietações levantadas pelo objecto de análise, é a manifestação de um interesse quase religioso pelo sujeito do culto: o Deus-forma.
As questões que levanto são (ou pelo menos tentam ser) a base do processo da crítica, questões essas que não se prendem na analise do objecto artístico mas sim no motivo ou a génese da necessidade dessa analise e como ele, dentro dela própria, funciona.
Faço-o porque, enquanto criador, sou também profundamente crítico em relação ao meu próprio trabalho e ao que me rodeia.
“A crítica mais interessante e fértil é justamente aquela que na relação com o criticado compreende as fronteiras da sua própria perspectiva.(...) A crítica só tem um significado critico razoável: é consciência afectiva de limites.” ; pertence a uma “condição ficcional que se instala, ou mesmo se institucionaliza, num lugar de juízos determinantes”.
Quando esta se desloca da sua essência “secundária e dependente das obras, adquire a forma de actividade em si dando lugar a esse monstro que é a Crítica”.
“O exercício crítico não tem mais garantias que o criador. Tem menos, pois depende dele”.
“Com a verificação positiva desta impotência histórica não é o exercício crítico que finda e perde direito à existência. É apenas o mito da crítica e de homens que por direito divino encarnam essa excelsa aptidão”.
A tecla da subjectividade é accionada como parte integrante de todo o processo crítico. Não podemos esperar nunca uma objectividade crítica, pois ela tem dentro de si uma barreira que a impede de o ser. Ou seja, a crítica é sempre tão subjectiva como os pressupostos da obra, visto que “o ser da crítica não é mais que a sombra do ser literário, embora esta sombra não seja criada do exterior”. Entenda-se a palavra sombra como um adjectivo da subjectividade. A crítica é a “sombra de uma sombra”. Se substituirmos a palavra sombra por subjectividade temos: é a subjectividade de uma subjectividade. (Na linha do pensamento matemático mais elementar que nos diz que só 1 maçã + 1 maçã = a 2 maçãs). Neste sentido é como que o seguimento da génese do seu progenitor: “the meaning of a poem can only be a poem, but another poem, not a poem itself”. Tão simples quanto o reflexo no espelho de uma maçã torta só pode ser uma outra maçã torta.
Mas a sua coexistência não é assim tão direccionada, pois ambas dependem directamente uma da outra, se assumirmos que todo o processo criativo é comunicativo, temos que abordar sempre estes três factores essenciais e insubstituíveis: o emissor, o receptor e a mensagem (para já não falar nas subcategorias como o canal, a sintaxe, a semântica, o código, etc). No caso da superfície reflectora ser um espelho defeituoso, a imagem da maçã aparecerá distorcida não pela origem mas pelo objecto que a distorce.
A crítica deverá pôr sempre “a hipótese de que cada nova leitura possa implicar uma redescrição da obra. É necessário constatar que as obras por vezes constituem um processo de aparecimento/desaparecimento”. Não são de forma alguma coisas estanques no tempo. Implicam a noção do Devir. “A descrição é sempre posterior à hipótese interpretativa”, o que nos leva a admitir que a função da crítica não é a de apenas descrever.
Humberto Eco escreve: “Isolar estruturas formais significa reconhecê-las como pertinentes em função de uma hipótese global que se antecipa a propósito da obra; toda a análise dos aspectos significantes pertinentes supõem já uma interpretação”.
Esta frase é demonstrativa da repulsa que deve existir em relação à crítica que se baseia na simples descrição dos acontecimentos existentes dentro da obra. Tods estas afirmações prolongam a noção de obra aberta.
“O que define quais traços gramaticais são pertinentes enquanto traços estilísticos só pode ser uma hipótese de interpretação global que se antecipa à própria descrição da obra. É por isso que não faz sentido falarmos em descrição objectiva sem termos em conta que a descrição é sempre posterior à hipótese interpretativa”.
Panovsky: “Qualquer descrição deverá, num certo sentido, antes mesmo de ter começado, inverter a significação dos factores de representação puramente formais para fazer deles símbolos de algo que é representado. A partir daí, e faça o que fizer, a descrição abandona uma esfera puramente formal, para se elevar a nível de uma região de sentido”.
A crítica tem a árdua tarefa de converter os objectos na sua forma conceptual inicial, pois não serão as palavras que correspondem às imagens mas as palavras que correspondem às palavras que as imagens correspondem.
“A crítica é, por assim dizer, um experimento com a obra de arte, o que a faz reflectir sobre si mesma e a conduz à autoconsciência e ao autoconhecimento. (...) O sujeito da reflexão é, no fundo, a própria obra de arte, e o experimento não consiste na reflexão sobre a obra, reflexão esta que não poderia mudá-la na essência, conforme o espírito da crítica da arte romântica e sim na reflexão dentro da obra, no desdobramento da reflexão, o que significa, para o romântico, desdobramento do espírito”.
Ou seja, a crítica, pertencendo ao intrincado processo comunicativo da criação, é também ela aberta, estando dessa forma em sintonia com o objecto de análise. Ela faz parte da descoberta interior da própria obra. Deverá funcionar como uma prótese que não substituindo, vem acrescentar mais valias a esta.
Segundo Valéry, “o objecto de um verdadeiro crítico deveria ser descobrir que problema o autor, sabendo-o ou não, colocou e procurar se ele o resolveu ou não”.
A crítica nunca deverá esquecer a sua principal vertente de questionamento, que se sobrepõe a juízos de valor, ou qualquer outro tipo de questões de carácter particularmente subjectivo e possivelmente castrador.
Para finalizar, no meu entender, a crítica refugiou-se num savoir faire que passa demasiado por questões linguísticas que estão demasiado fechadas em si mesmas, esquecendo que o seu propósito inicial é constituído por questões conceptuais que são tratadas dentro da própria forma plástica (ou qualquer outra), e que mais do que simples palavras, devem ser palavras que evocam formas diferentes delas.
De um livro sobre Retórica: “A retórica clássica, a arte de bem falar, ou seja, a arte de falar (ou escrever) de forma persuasiva, propunha-se a estudar os meios discursivos de acção sobre um auditório, visando ganhar ou acrescentar a sua adesão às teses que lhe eram submetidas.(...) todos estavam de acordo sobre o facto que é a superioridade do saber que confere qualidades para as funções dirigentes, mas será forçoso confiar ao bom orador ou ao dialéctico realizado o tratamento dos assuntos políticos?”.
Esta questão parece-me importante porque me suscitou dúvidas sobre o possível papel da crítica da arte de hoje, que se vê muitas vezes sujeita às regras de mercado e, como tal, obedece a critérios de persuasão e marketing muito complexos. Faz tudo parte do mesmo saco, e parece que, de facto, a crítica é corrompida por esse sistema, não cumprindo dessa forma o papel para a qual foi tão nobremente criada. Ela torna-se muitas vezes uma questão de retórica, de dar rebuçados fora do prazo a crianças com os dentes muito corrompidos por cáries. “O orador educava os seus discípulos para a vida activa da cidade: propunha-se formar homens políticos ponderados, capazes de intervir de forma eficaz tanto nas deliberações políticas como numa acção judicial (...)”.
Mas tudo isto são críticas que ficam no ar...
Hugo Santos (algures no espaço/tempo) - "State of the art" #002