"Uma nova bandeira"
Li ontem um artigo publicado na revista suplementar do jornal Público, Pública nº471, intitulado “Uma Nova Bandeira” que me levou a manifestar o meu desagrado perante os factos descritos.
O dito artigo começa assim: “ Somos porteiros e mulheres-a-dias em França, taxistas na Suiça, “bimbos” em Inglaterra, pedreiros no Brasil. Há quem pense ainda que em Portugal as mulheres vestem todas xaile negro e têm o rosto enfeitado com um escuro buço. A nossa fama no estrangeiro não muda desde a década de 60”, este parágrafo, a jeito de caricatura, resume todo o preconceito e complexo de inferioridade que em geral os portugueses parecem assumir. “Como mudar a imagem e posicionamento de Portugal?” Parece-me que uma óptima maneira de começar seria atacar o problema pela raiz e acabar de vez com as mentalidades mesquinhas que nos rotulam de atrasados e coitadinhos quando na realidade somos Filósofos e artistas conceituados em França, treinadores de futebol de topo na Inglaterra, arquitectos reconhecidos na Suiça, e hoteleiros de sucesso no Brasil.
“ A agência de publicidade portuguesa mais premiada em festivais de criatividade nacionais e internacionais, a BBDO, (…) Aproveitando a vontade politica para mudar a imagem do país no estrangeiro, lançou uma bomba atómica nos escritórios do Instituto Público: a sua proposta incluía a mudança do mais importante símbolo nacional – a centenária bandeira republicana verde e vermelha.” Pedro Badarra, vice-presidente da BBDO, defende que a fama de Portugal não é a melhor e que o seu posicionamento geográfico nos torna ainda “mais miseráveis”, daí a urgência da reformulação da imagem portuguesa que passa pelo apagar da história portuguesa e sobretudo das relações com os países do “sul” que com o seu “karma miserável” nos assombraram. Badarra sabe que a má fama portuguesa é uma caricatura “O problema é que a caricatura da Inglaterra ou de França não é nada disto”, contrapõe. Estará Badarra a esquecer-se da fama de hooligans bêbados que os ingleses carregam ou da snobes, arrogantes e xenófobos que caracteriza os franceses?
“Continuamos a pensar nesta ideia e decidimos ir mais longe, esticá-la até às últimas consequências, recorda o publicitário (…) lembramo-nos de fazer aquilo que as marcas fazem: mudar o logo. Ou seja, a bandeira.” Decidiram fazê-lo, não só porque Badarra não gosta da bnadeira mas porque a combinação de cores, cores do Partido Republicano, é incompetente, pouco contrastante e muito similar a algumas soluções cromáticas das bandeiras de nações Africanas, o que nos empurra ainda mais para o passado e o estigma de “miseráveis”. “A nossa bandeira devia ter mudado com o 25 de Abril”, neste ponto concordo totalmente com Badarra, devia ter mudado mas como não mudou não me parece legitimo e nada dignificante que se altere a bandeira portuguesa apenas por estratégias de marketing. A bandeira portuguesa é símbolo da nação e as suas cores, apesar de “incompetentes”, carregam simbolismos fortes e grandiosos, carregam a história e esperança de um povo.
“ Na proposta da BBDO, entregue ao ICEP, a nova bandeira mantém os principais elementos históricos - escudo e esfera armilitar -, mas acrescenta-lhe a cor azul, do mar que banha esta ocidental praia europeia”, ou melhor, do mar que rodeia esta ocidental ilha europeia. A proposta da BBDO, apesar de defendida sem modéstia por Pedro Badarra, parece-me irresponsável e presunçosa. O publicitário, assumindo o mito Sebastianista, subiu para o seu cavalo branco e, num dia de nevoeiro, tentou salvar a pátria!
O dito artigo começa assim: “ Somos porteiros e mulheres-a-dias em França, taxistas na Suiça, “bimbos” em Inglaterra, pedreiros no Brasil. Há quem pense ainda que em Portugal as mulheres vestem todas xaile negro e têm o rosto enfeitado com um escuro buço. A nossa fama no estrangeiro não muda desde a década de 60”, este parágrafo, a jeito de caricatura, resume todo o preconceito e complexo de inferioridade que em geral os portugueses parecem assumir. “Como mudar a imagem e posicionamento de Portugal?” Parece-me que uma óptima maneira de começar seria atacar o problema pela raiz e acabar de vez com as mentalidades mesquinhas que nos rotulam de atrasados e coitadinhos quando na realidade somos Filósofos e artistas conceituados em França, treinadores de futebol de topo na Inglaterra, arquitectos reconhecidos na Suiça, e hoteleiros de sucesso no Brasil.
“ A agência de publicidade portuguesa mais premiada em festivais de criatividade nacionais e internacionais, a BBDO, (…) Aproveitando a vontade politica para mudar a imagem do país no estrangeiro, lançou uma bomba atómica nos escritórios do Instituto Público: a sua proposta incluía a mudança do mais importante símbolo nacional – a centenária bandeira republicana verde e vermelha.” Pedro Badarra, vice-presidente da BBDO, defende que a fama de Portugal não é a melhor e que o seu posicionamento geográfico nos torna ainda “mais miseráveis”, daí a urgência da reformulação da imagem portuguesa que passa pelo apagar da história portuguesa e sobretudo das relações com os países do “sul” que com o seu “karma miserável” nos assombraram. Badarra sabe que a má fama portuguesa é uma caricatura “O problema é que a caricatura da Inglaterra ou de França não é nada disto”, contrapõe. Estará Badarra a esquecer-se da fama de hooligans bêbados que os ingleses carregam ou da snobes, arrogantes e xenófobos que caracteriza os franceses?
“Continuamos a pensar nesta ideia e decidimos ir mais longe, esticá-la até às últimas consequências, recorda o publicitário (…) lembramo-nos de fazer aquilo que as marcas fazem: mudar o logo. Ou seja, a bandeira.” Decidiram fazê-lo, não só porque Badarra não gosta da bnadeira mas porque a combinação de cores, cores do Partido Republicano, é incompetente, pouco contrastante e muito similar a algumas soluções cromáticas das bandeiras de nações Africanas, o que nos empurra ainda mais para o passado e o estigma de “miseráveis”. “A nossa bandeira devia ter mudado com o 25 de Abril”, neste ponto concordo totalmente com Badarra, devia ter mudado mas como não mudou não me parece legitimo e nada dignificante que se altere a bandeira portuguesa apenas por estratégias de marketing. A bandeira portuguesa é símbolo da nação e as suas cores, apesar de “incompetentes”, carregam simbolismos fortes e grandiosos, carregam a história e esperança de um povo.
“ Na proposta da BBDO, entregue ao ICEP, a nova bandeira mantém os principais elementos históricos - escudo e esfera armilitar -, mas acrescenta-lhe a cor azul, do mar que banha esta ocidental praia europeia”, ou melhor, do mar que rodeia esta ocidental ilha europeia. A proposta da BBDO, apesar de defendida sem modéstia por Pedro Badarra, parece-me irresponsável e presunçosa. O publicitário, assumindo o mito Sebastianista, subiu para o seu cavalo branco e, num dia de nevoeiro, tentou salvar a pátria!
8 Comments:
Mudar um símbolo de um país é quase tão perigoso como alterar a logomarca da Adidas, ou os arcos do MacDonalds. Em sou pouco patriotista mas não encaro a situação de ânimo leve. Nunca, mas nunca, pode existir uma alteração da bandeira nacional só porque a empresa de publicidade nacional que ganha mais prémios acha que as cores são incompetentes ou outra coisa qualquer. A bandeira foi-se alterando a par de mudanças significativas no plano politico-social. O aprovamento da constituição europeia poderia justificar esse tipo de arrojo comunicativo. Ainda assim, só faria sentido se fosse criada uma norma para todas as bandeiras dos actuais países que integram a U.E.. Podiam ser todas azuis, ou terem uma estrela amarela, ou então enfiarem a actual bandeira da U.E. a um canto como fizeram a Austrália e a Nova Zelândia com a do Reino Unido...
Erro:
Onde se lê "Em sou pouco..." leia-se "Eu sou pouco...".
Cara Ana,
Tive acesso ao documento apresentado pela BBDO. A proposta é, na minha humilde opinião, excelente.
Concordo consigo quando diz que se "deveria atacar o problema pela raíz e acabar de vez com as mentalidades mesquinhas que nos rotulam de atrasados e coitadinhos". Mas que metodologia sugeria? Destruir é, de facto, muito fácil. Mais complicado é sugerir alternativas construtivas.
Concorda que a bandeira deveria ter mudado com o 25 de Abril, mas como não mudou... E se não se mudou quando era devido, será melhor não mudar nunca, ou mudar quanto antes? Quando se justifica, na sua opinião, que possa ser alterado o símbolo da nação?
Porque razão considera ilegítima e pouco dignificante a proposta de alteração?
Não me parece que seja a bandeira a portadora da nossa "história e esperança". Considero que esse trabalho me cabe a mim, a si, e a todos nós que somos, e nos orgulhamos de ser, portugueses. Ter a capacidade de mudar não é, para mim, necessariamente, algo de negativo. Demonstra dinamismo, e significa crescimento. O que você considera desprestigiante, eu considero motivo de orgulho.
"Mudámos a nossa bandeira. Estamos de olhos postos no futuro!" - diria ao meus amigos espalhados por esse Mundo fora.
Apesar de compreender a sua indignação, acho deveras curioso, nos nossos dias, que semelhante proposta seja considerada uma bomba atómica onde quer que seja. Se existe inicialmente uma preocupação em mudar a imagem do país no estrangeiro, então é fundamental que o símbolo da nação seja revisto, ainda que, depois de uma análise cuidada, se chegue à conclusão que é mais vantajoso que essa alteração não se concretize, seja por medo, possível perda de identidade, ou quaisquer outras razões.
Como português nascido na década de 70, já depois do 25 de Abril, e habituado a viver numa Europa sem fronteiras, digo-lhe que me identifico mais com a bandeira proposta pela BBDO do que com a que temos actualmente.
De qualquer das formas, humildemente acredito poder ser o único a apoiar o irresponsável e presunçoso Pedro Badarra, que ingenuamente pensava poder ser um visionário.
Por último, e por discordar da sua opinião, não pense que encaro este assunto de forma leviana. Considero ser assunto delicado, e com o qual se deve ter o máximo de cuidado.
Até mais,
Filipe Feio
João,
Também nunca me passaria pela cabeça que se fizesse "uma alteração da bandeira nacional só porque a empresa de publicidade nacional que ganha mais prémios acha que as cores são incompetentes ou outra coisa qualquer".
No entanto, se uma ideia surge, venha de onde vier, que venha ao encontro a uma necessidade já existente, há que ter, no mínimo, o cuidado e a abertura para a analizar.
Boas surpresas surgem, por vezes, quando temos a humildade e a disponibilidade para ouvir.
Se vem da "empresa de publicidade nacional que ganha mais prémios", então isso só credibiliza a sugestão, ou não?
Até mais,
Filipe Feio
Caros Portugueses,
Já vi, revi, discuti e conversei sobre esta proposta da BBDO.
Encontro-me a trabalhar numa agência concorrente, mas especialista em marcas.
Sou um acérrimo defensor desta proposta quase na sua totalidade. O conceito de "Europe's West Coast" é genial, as cores da actual bandeira respiram de facto ares africanos, e acho que um rebranding é a alternativa correcta, mas...
Não é apenas mudando o logotipo que o produto melhora. Não é trocando o nome a algo que se ganha qualidade.
A alteração tem de ser profunda, tem de reflectir tudo o que se cria em termos de expectativa.
Não nos podemos intitular "Europe's West Coast" em alusão à tradição, cultura e boa educação Europeia e ter os monumentos a cair de podre, ou os museus mal cuidados, ou até mesmos o serviço lento, deficiente e mal educado que temos.
E muito menos procurar esplendor na "West Coast" Americana para evocar modernidade, sofisticação, tecnologia ou eficiência quando continuamos a não produzir, não assumimos uma linha comum e a longo prazo, ou mantermos uma política de interesses e "tachos".
Mas defendo que mudando é a solução, mas defendo que medidas conjecturais são secundárias perante medidas estruturais.
E mais não escrevo porque o tempo escasseia, mas a verdade é que muito mais já discuti e incito a discutirem acerca deste tema.
É que se não mudarmos, em jeito de despedida, vendam isto aos Espanhóis ou então transformemo-nos num país de eventos ou mesmo na Flórida da Europa.
Saudações Lusitanas
Concordo plenamente, Kemo!
Espero então que ninguém se lembre de mudar o pano sem concultar a malta que ainda não viu a proposta.
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