NOTA: Este é um texto longo sobre um contexto específico.
Trata-se de uma memória descritiva de uma proposta de desenho gráfico que foi dada no 4º Ano de Design de Comunicação no ano lectivo 2004/2005. Dependendo do interesse de cada um pode ser mais ou menos interessante. As imagens foram adicionadas hoje.TEXTO INICIAL:
Vota João Marrucho para o próximo fórum!
Aquando da invenção das expressões como "propriedade intelectual", "direito autoral" (...), a cultura do ocidente ainda não vivia de modo tão intenso a informação, e a palavra comunicação contava apenas com 2 séculos de vida. Esta última definição nasceu em França, parida por um padre que achou por bem separar as águas. O seu antecedente mais próximo é a "comunhão". A principal diferença entre a mãe e a filha é aquela que distingue o mundo do emissor do mundo do receptor. Em suma: Comungar implica partilha. Comunicar implica afastamento. Como sabemos esta diferença é puramente conceptual e relaciona-se intimamente com a época e o contexto em que são utilizados. Nenhum jogo retórico me convencerá que a comunicação não invade o território do receptor nem oferece um pouco do do emissor. A substituição contemporânea do espaço da Igreja pelo da www, é prova disso. Ambos (cada um de seu modo) são locais de confluência informativa, de partilha de emoções, mitos e crenças. Apresentei cinco trabalhos para esta disciplina e, para os concretizar, infringi (em todos, sem excepção)leis de direitos autorais. Se existir alguém que alguma vez tenha feito um trabalho que não deixe dúvidas em relação à sua total originalidade que me o diga. Tratarei de o citar pertinentemente. He he he...
Em certa medida, esta grande confusão remonta aos inícios do design.
Do design como método para produzir em série. Logo poetas e prosadores trataram de
arrecadar tais direitos para seu proveito. A todos eles deixo uma homenagem póstuma de última análise que até pode dar jeito nos tempos que correm: o Novo é incontornável e paradoxalmente omnipresente. A cópia como mimesis exacta de algo único não existe.
TEXTO EM "PORTUGLISH":
Vata Joow Marrooshoo para o próssimo fórum! Aquando da invenssow das eshpressõees como "propreeadahde intelhectual", "deerreito autooral" (...), ah cooltureh do osseedenthe ainda now veeveea deh modo thow intenso a informassow, e ah palahvra comunicassow contahva ahpenash com dois sehckoolosh deh veeda. Eshta ooltima definissow nashceu em Franssa, pareeda por um padre keh ashoh por bey sepahrar as águahsh. O seu antecedente mais próssimo é ah "co moo now". Ah princeepal diferenssa entre a mey, e ah feelha eh akehla qeh dishtingueh o moondo do emissor do moondo do receptor. Ey sooma: Comoongar implica parteelha. Comunicar implica afashtamento.
Como sabehmosh eshta diferenssa eh puramente conceptual e rela ssio ne se inti mamente com ah Hepoo cah e o conteshtoo hey qeh são ootee leezahdosh.
Nenhum jogo reh toricoo meh convense ra qeh ah comunicassow nom invah deh o territorio do receptor, ney ofer s um poaco do do emissor. A subshti tuissaow contemporahnea do eshpassoo dah Eeg reyja pehlo dah www, eh prova deesso. Amboosh (cada um deh seu modo) sow lo cah ish deh conflueynceea informateevah, deh parteelha deh emoossõeesh, meetoosh e crenssash. Apresent ey ceenco tra bah lhoosh para eshta discee pleenah, e, para osh concretee zahr, infringi (ey todoosh, sey eshcessow) laish deh deereitosh deh ah ootor. Seh es eesh teer algey qeh algooma vesh tanha feito oom tra bah lhoo qeh now deish eh dooveedash ey relassow ah sooa to tal oree gee na lee dahde qeh meh o dee gah. Tra ta rey deh o cee tahr per tee nente
menteh. He! He! He! Ey cer tah medeeda, eshta grandeh con foosow remonta aosh inee ceeoosh do design. Do design como methodoo para prodoozir ey sehree. Logo po eh tash e prosah doresh tra tahram deh arrecadar taish deereitos para seu pro vey too. A toh dosh elesh deishoo oo ma o meh na gey posh toomah deh oolteema ah nah leeseh qeh a teh pod deh dahr jey too noosh temposh qeh correy: o, Novo, eh incontornah vel, ee paradoxalmente omnee presente. A copeea, como mimehsis esahta deh algo ooneeco, now exishteh. I'm sorry for my accent but I also wanted to overtone some problems conected to the translation and any other cultural content's remake.
SINOPSE DA PROPOSTA QUE PEDIA O ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE IMAGEM E MÚSICA:
Conto com a vossa atenção apesar da vossa falta de vontade para me aturarem:
Este texto aborda o que penso que são, de modo óbvio, algumas ideias inatas à utilização da expressão "propriedade intelectual". Passo a destacar aquelas que me parecem merecer maior relevância, que por questões de "temáticas propostas pelos discentes", estão quase exclusivamente relacionadas com o design social, a narrativa, e música e imagem, e ou, se preferirem, com som e luz, ou ainda, com o audível e com o visível, ou ainda, com a audio-visão (nunca imagem e som, não faz sentido!) (isto se utilizar os mais antigos termos sem entrar em neologismos pois já "sobram palavras por usar").
1. Comunicação:
A sua origem objectivou a separação entre o emissor e o espectador. Com esta distinção, criou um novo território intermédio, chamado meio de propagação (médium) da mensagem. É neste labirinto que normalmente os artistas se perdem. Muitos designers também se dedicam conscientemente a tarefas de experimentação do meio, sem público alvo, sem receptor definido. O meu propósito (quando importei o texto do IMovie para o Final Cut 4) emprestando-lhe aquele mau feitio, não era ser cúmplice desta "epopeia" mediática de exibição técnica. Antes pelo contrário (como fiz questão de tornar claro).
2. Separação territorial:
O emissor/receptor comunga tanto quanto comunica, assim como o receptor/emissor. Não é por idealizarmos neutralidades que nos tornamos imparciais (recordemos o "falhanço" do moderno design suíço). Hoje em dia, apenas cerca de 5% dos europeus são cristãos praticantes. Quanto à taxa de utilizadores da world wide web, suponho uma maior participação dos cidadãos. Esta substituição de fontes de informação (com consequente bem estar psicossocial) fez-se gradualmente com o desenvolvimento dos meio de propagação de notícias. Mas ficaram resquícios de uma sociedade baseada em crenças: os novos mitos, as novas in-questões (tabus). A metáfora da religião que partilha ideias ilustrou em poucas linhas algumas das confusões que vislumbro em gerações (de designers, artistas, e filósofos) que me antecederam.
3. O Presente:
Arrisco, uma família portuguesa da classe média, possui pelo menos um computador pessoal desde 1992/93/94. A www chegou de além mar mais ou menos por esta altura. A partir de hoje, um professor de qualquer disciplina de comunicação, não pode contar com a desconfiança do discente nos meios audiovisuais. O meio deverá ser cada vez mais transparente para o próximos novos alunos. Arrisco de novo: as novas gerações portuguesas pertencerão no mínimo, aquando da sua chegada a um curso de Design de Comunicação - Arte Gráfica, a uma comunidade para Lan's, outra para o Friendster, uma para o Blogger, netc... Nestes espaços partilharão significados distintos para os mesmos significantes que nós agora temos. Terão novos signos também. A eterna confusão do Virtual será remediada por quem o vive impreterivelmente. Posso já avançar com algumas questões que nem cheguei a levantar na aula por falta de tempo e de vontade.
Virtual é uma palavra que adjectiva uma existência como potência, mas não com acto ou realização. Algo virtual é passível de ser realizado. Tem a sua concretização latente. Uma ideia é um óptimo exemplo de uma existência virtual. Virtual diz-se também das imagens não directamente projectáveis, obtidas por refracção nas lentes ou reflexão nos espelhos, e formadas, não pelos raios reflectidos mas pelas respectivos prolongamentos. As nossas presentes dúvidas em relação ao virtual derivam das distintas interpretações do que é "reflexão". Uma por parte da física e outra por parte da filosofia. Alguns neurologistas já devem ter falado do caso com melhor discernimento do que eu. Arrisco: na física quando nos vemos ao espelho e nos revemos estamos a receber o raios reflectidos. Filosoficamente falando, quando nos olhamos ao espelho e nos revemos, damos a um prolongamento do nosso corpo para um espaço >que não existe como espaço no real em si< . Realmente a herança da arte e das suas filosofias de ponta que recaiu sobre esta disciplina autónoma que é o design, traz muitos mundos obscuros quando o que importa é tornar claro... Não sei quem foi o primeiro filósofo que falou em Virtual. Não percebo esta apropriação do termo físico quando poderia ter continuado com a simplicidade do termo "representação" como oposição ao significado de "imagem". Isté tocad'abreviapalavras padizêtud nunstante. Depois admiram-se que ninguém passe o dia sem dizer virtual como se estivesse a falar do menino Jesus.
4. Cópia:
"A cópia >não existe no real em si mesmo<". Nada se repete. Este "meu" (felizmente aprendi a viver bem com os paradoxos) pensamento exige-me um esclarecimento mais profundo sobre a aleatoriedade e o padrão. Esse texto já foi escrito e penso que o remeti para a caixa de correio digital do professor. de todos os modos colo-o aqui:
"O padrão é uma construção mental oriunda de relações de entendimento de elementos similares e singulares. Na realidade em si nada se repete. Nada se repete.
A escala das coisas é importante.
Caos não significa desordem. Na matemática o termo Caos aplica-se numa premissa que está dependente de algo que a sucede. O nosso desenvolvimento (a partir dos 4 meses de gestação) processa-se num banho luxuriante de sons que constituem o ritmo vital da nossa progenitora. O coração bate.
O homem acha conforto e segurança quando consegue antever uma situação. Assim se explica a valorização de qualquer tipo de conhecimento que permita ao indivíduo saber o que (lhe) vai acontecer.
O padrão existe antropometricamente, (à nossa escala). Quais são os limites do padrão sonoro? Para o ouvinte comum, o padrão compreende-se entre a textura (micro escala) e a macro-escala que depende da paciência, dedicação e tempo de vida do ouvinte. Na House Music convencional o padrão estrutura-se normalmente dentro de um raciocínio matemático que se pode denunciar em relações de metades e dobros de 0,5 segundo (120 bpm).
No Gabba Techno a coisa vai até às 999 ou mais batidas por minuto..."
E já agora deixo o resto do texto original...
"...Ideias sobre representações imagéticas e representações sonoras (imagem e música).
Hoje é necessário repensar o significado da palavra Imagem. Suponho que uma melhor maneira de a codificar será a atribuição de uma carga que diga respeito (mais uma vez) a uma construção mental. Uma fotografia é, então, uma representação de uma imagem. A realidade é transmitida aos não-cegos através de raios de luz que são absorvidos por um "sensor biológico" (olhos), invertidos pelo resto do sistema óptico humano até se manifestarem em forma, (a imagem tem forma mental). Ela é depois fundida com as outras sensações dos outros sentidos. A importância dada a cada um dos 5 sentidos varia de indivíduo para indivíduo. O processo de codificação/descodificação do real em imagem é altamente complexo (como demonstra Oliver Sacks em "O Homem que confundiu a Mulher com um Chapéu"). Arrisco sem conhecimento científico de suporte: O processo de codificação/descodificação do real em imagem talvez até mais moroso que o da audição." O som, pela velocidade com que é compreendido, pela sua natureza abstracta e pela sua relação com o período de vida intra-uterino é significativamente mais manipulador do que a imagem que, opostamente, é lenta na mente, adquirida por uma prática instruída e consequentemente geradora de fortes (pre)conceitos.
5. A questão técnica:
Admito que não domino as possibilidades dos instrumentos digitais como gostaria, mas não posso aceitar com a calma da brisa, que me digam que não consigo exportar um filme com qualidade suficiente para as letras corpo 34 não desfocarem. Isso devia ser considerado um insulto quando dito a um Designer no quarto ano e só não é porque ainda ninguém fez o
esforço para explicar essas coisas na aula de modo suficientemente esclarecedor. Em vez disso prefere-se discutir a mais subjectiva das teorias da narração.
Por falar em narrar:
6. A Sinopse, no meu sentido da palavra:
6.1.Conteúdos:
Narrativa audiovisual, articulação audiovisual, exploração da música e da imagem, cometimento cinemático.
6.2.Contexto:
O mundo ocidental, a Europa, Portugal, F.B.A.U.P., 4º Ano de Design de Comunicação - Arte Gráfica...
6.3.Metodologia:
A partir de um trabalho de reflexão sobre a História da Comunicação enquadrada no panorama da produção de cultura que me rodeia e, tomado como posto fixo de vigia, a questão da informação livre, elaborei um pequeno texto. Este texto foi depois convertido para uma representação dele mesmo em movimento ascendente (género genérico ou créditos finais) em IMovie, formato PAL mas não sem antes ter sido falado em inglês e em português pela máquina em que foi dactilografado. Seguiu-se a exportação do mesmo com 52 segundos de duração, a sua importação para Final Cut e uma ampliação de escala e de duração de modo a gerar um efeito de semi-ilegibilidade, desfocagem e distorção artefactual (gerada pela interpolação que o programa faz por predefinição do código que o faz correr).
Posteriormente foi exportado para formato Quicktime e contraposto com cerca de 40 temas (um de cada vez) de outros artistas que me foram dados por um artista plástico que os tinha descarregado da Net e gravado para DVD. Realço que em poucos minutos e a custo 0 fiquei com 4,5 dias de música non-stop! Foram escolhidos dois temas produzidos na década de 90 com os mesmo antepassados culturais. Um dos temas seleccionado foi Pakard (Techno Minimal de Plastikman), e o outro foi Encore une Fois (Euro House) de Sash!, artista francês influenciado pelo Anthem House e pelo Euro Dance. Realço que estas informações foram dadas "através" de um fantástico
link que o Professor me mostrou. Foi também gravada a voz do computador e inserida juntamente com a faixa de Plastikman, de modo a "sincretizar" uma leitura que se vai desvanecendo e autonomizando o leitor no decorrer da faixa.
À excepção da "start speaking" e do fade out final, o processo assemelha-se um pouco ao de Merce Cuningham e John Cage quando trabalhavam em separado para juntarem tudo no dia do espectáculo, há cerca de 30 anos. A outra trilha áudio (Encore un Fois) foi importada e colada sem nenhuma alteração e felizmente tinha quase a mesma duração da trilha de vídeo.
6.4.Objectivos
Divertir-me. Desenvolver capacidades de análise e pesquisa. Salvar o mundo. Desenvolver capacidades de forma, composição e relação. Desenvolver capacidades de conceptualização e reflexão. Problematizar as relações entre música, imagem e imagem em movimento, nos contextos cinemático e narrativo. Construir a formalização das ideias. Adquirir vocabulários e gramáticas, relacionadas com os processos e metodologias projectuais, inerentes ao design de comunicação.
6.5.Conclusão: Feita hoje. Na altura foi:
? Agora já não explico tanto.
Irrita-me pensar que houve pessoas (que vão estagiar para ateliers e que vão perder o gosto pelo design e viver das heranças a partir da meia idade) que tiveram 16, 17, e 18!
Acho que tive 13 valores no final do ano, e nesta proposta classificaram-me com um D ou um F (negativa)! Sendo A muito bom, B menos bom, C nem se fala... O pior de tudo é que os bons alunos/as, nem sequer consideram fazer doutoramento fora dessa escola sobre qualquer coisa que eu não tenha falado aqui! "Putas. ; )"