na desportiva
Fbaup, na desportiva. Proposta para editorial, de João Roldão, para a futura revista gerida por Virgínia Pinho... (a pedido da gerência, salvaguarda-se que a revista nº1 será composta apenas por editoriais.)
EDITORIAL
Esta revista impunha-se na sociedade portuguesa. Ninguém tinha ainda ousado perspectivar o rolar da bola como uma questão cultural intrínseca de um povo, como tantas outras, e analisado o fenómeno com isenção jornalistica e honestidade intelectual. É imprescindivel tornear o preconceito com o qual se revestiu o gostar de bola. Nós gostamos de bola. E bola é cultura. É este o mote.
Não é possivel ignorar a bola do ponto de vista da fé, dos milhões que gere e gera, da sua «tugalidade». Para o bem e para o mal cá estaremos. Em Portugal mais do que turismo, calçado,vinho,cortiça, ciência ou alta costura, produzem-se bons jogadores, estudiosos treinadores, atentos treinadores de bancada, miticos comentadores televisivos e/ou radiofónicos. Somos bons. De acordo, é preciso melhorar a classe dirigente, exigindo rigor e transparência, mas na mesma medida da necessidade de melhorarmos a eficiência da administração fiscal, os níveis de sucesso escolar, a distribuição da riqueza gerada ou a igualdade de oportunidades no acesso à saúde, à habitação e à educação.
A primeira edição de Bola também é cultura centra-se nas dinâmicas do fanatismo/religiosidade e suas ramificações: a obsessão estatistica do espectáculo desportivo, a História enraizada (e quem sabe adulterada) na memória colectiva, a cor e os símbolos. Um artigo de João Lopes abre um ciclo de reportagens sobre massas associativas portuguesas: uma visita a Matosinhos e ao Leixões. Uma apaixonada pesquisa de Rui Pinto dá conta do caso Calabote.Convidado especial desta primeira edição, Norton de Matos, ex-treinador do Vitória de Setúbal, trincou choco frito à beira do Sado e falou da importância do director desportivo no futebol moderno, capitalista e empresarial.
Procurámos, e procuraremos sempre, a perspectiva portuguesa do tema. Interessa-nos o copo de tinto e os bigodes do Toni, as gaffes linguisticas do Cristiano e as suas ternurentas borbulhas faciais, o recorrente e enraivecido “eu não falo de arbitragens, mas isto hoje foi um roubo de igreja”, a poesia de Gabriel Alves ou o grito sincero e electrizante de Alexandre Afonso no seu relato. Não pretendemos esconder da Europa e dos europeus, antes pelo contrário apetece-nos bradar com orgulho, que somos o único país europeu onde se vendem 650 mil exemplares diários de jornais desportivos.
Vergonha é roubar e mentir.
Bola também é cultura.
3 Comments:
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
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Começamos com mentiras:
"Ninguém tinha ainda ousado perspectivar o rolar da bola como uma questão cultural intrínseca de um povo, como tantas outras, e analisado o fenómeno com isenção jornalistica e honestidade intelectual."
"A arte da bola", "pura arte futebolística", "toque recheado de talento e criatividade", "foi autor deste golo de belíssimo efeito", tudo expressões do Gabriel Alves.
Há três anos na aula de Meteorologia de Dinis Cayola, atrevi-me a comparar a natureza lúdica da arte à do desporto. Competitividade, fair-play, autoria, comissariado, ideias partilhadas pela a arte e pelo desporto. Além da opinião tangencial de Marta Bernardes, a discordância foi avassaladora, e acabei por perder a argumentação confrontado com vídeos masoquistas. Fizeram-se à falta e provocaram o choque. Quem sai sempre aleijado é o jogador. ; )
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