terça-feira, julho 04, 2006

Elogioso apenas. Raramente só!

Já que ninguém me cita nem ninguém me elogia, aqui fica um texto sobre as coisas más, mas que eu vejo como boas em mim. Estava a precisar. E parece que poucos perceberam pois ultimamente tenho sido confrontado com uma série de críticas que de algum modo são dirigidas à minha pessoa e ao meu trabalho. Nada de grave porque não passam de boatos. Meras conversas de café que pela seriedade da calúnia são ditas de jeito carrancudo.
Anda no ar a ideia que é quase impossível trabalhar comigo e apenas os santos o conseguem. Não são os santos, são os melhores. Eu gosto de trabalhar em conjunto, comecei a fazê-lo há muito tempo e sempre cheguei, tanto como levei, mais longe do que pensava.
"- Peneirento e arrogante." -Heresia! Apenas melhor em quase tudo.
Diz que não dou ouvidos aos outros e não aceito opiniões contrárias, quando sou o primeiro a aceitar sem discussão uma solução eficaz para um problema. Preferiam que eu questionasse a gravidade como um filósofo sem rumo, até que a maçã caísse no pavimento apenas para se desfazer em mil pedaços destinados à podridão?
Dou quase sempre o braço a torcer antes de errar, e são raros aqueles que se podem orgulhar de me fustigar com a sempre evitável expressão: - Eu eu bem te disse. - Normalmente isso calha-me a mim e só eu sei que todas as vezes não o disse por compreender que não era necessário explicar os moldes em que o leite se tinha derramado. O leite desenha o suficiente. Eu pelo menos aprendo com as falhas mais que com a posição crítica (embora muitas vezes a prefira porque aí não tenho de imaginar). Contenho-me para não chatear, e quando dou a minha opinião sobre o que se pode melhorar não uso eufemismos. Faço isso com intuição e baseado em alguma experiência profissional.
"- É azedo, tempestuoso e não dá espaço para que os outros brilhem." - Calúnias Grandiosas! Sou melancólico, cedo ao ímpeto de maneira inevitavelmente honesta e abrilhanto o palco com a minha presença.
"- Não tem tento na língua, ofende e é mal educado." - Mentira maior! Confio na minha bondade e não dou palmadinhas nas costas e digo o que acho na situação em que o devo fazer (nem sempre a mais pertinente para o ambiente da sala mas quase sempre a melhor para o futuro).
E porque raio tão poucos me citam se andam tantos a fazer do mesmo? Só os desconhecidos é que escrevem textos? Qual é será o universo de quem me critica? Provavelmente o de agora. Ensaios de gosto, acid-house, boné, noise, jogos de autoria, dance dance euro-revolução, blogs, dingbats, pre-sets, I-tunes (ao vivo), música electrónica, posters à mão, radio-jamming, editoras cdr, camisas de pele de pissa de andorinha, house, Times New Roman, net nas frequências e exames de consulta em 2005, Nova Emoção (e não fica por aqui). À excpeção do último conceito, todos ultrapassam a minha criação, mas faço muito com o que eles representam. É que quando cheguei, só via óculos de massa, djembés, música popular francesa, DJs de música esquisita, techno, música do mundo, sweat-shirts pretas, flyers suiços, Chalet e TDR, silêncio nas aulas e ai de quem gostasse de Euro. Ninguém nunca tinha escrito Ao Vivo num flyer. Isso era para o Luís de Matos ou para Agrupamento Musical da Maria Cachucha.
"Citar um autor nacional, um contemporâneo, um amigo ou inimigo, é, entre nós uma raridade ou uma excentricidade como usar capote alentejano. A referência nobre é a estrangeira por mais banal que seja, e quem se poderá considerar ausente de um reflexo que é, por assim dizer, nacional? Vivemos todos como se não concedessem o crédito– um crédito vivificante e não a simples utilização partidária que fazemos dos outros– à produção cultural portuguesa, como se não concedemos à moeda em época em tempo de crise. Vivemo-nos sob o modo de um desenraizamento histórico singular que só na aparência é negado pela exaltação sentimental com que nos vivemos enquanto portugueses."
Eduardo Lourenço, 1978, e retirado do blog http://teseapuros.blogspot.com/. É que eu leio poucos livros.

Proximidade a mais, alguma exposição em demasia, ego forte e a actividade competitiva devem explicar o resto.
Por favor para dizer mal ou pensar mal, comprem revistas cor-de-rosa sobre o Cristiano porque (apesar de me achar) ainda não sou uma estrela.

Nota: Ficam aqui algumas imagens cuja única característica que têm em comum é estarem no meu Flickr. Pouco ou mesmo nada se relacionam com o texto.

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