A minha geração costuma ser optimista em relação às informáticas. Por norma, os pensadores mais rugosos tendem a defini-la como a geração take-away! mtv, @ cetera, incauta das ameaças do virtual e, há 10 anos, da T.V.. Geralmente não gostamos de definições desse cariz, mas acabamos sempre por receber o que nos é dado ou oferecido. Já não há pioneiro urbano que goste do McDonalds.
Antes de mais, gostava de esclarecer uma coisa que me aparece constantemente velada em intelectuais com mais de 45 anos ou em filósofos e artistas sem qualquer base aparente de conhecimento das ciências da matéria, (hoje, com sorte, aprendemos isso pelo menos no 6º ano de escolaridade, sem sorte, no 7º): Qualquer ficção existe realmente (por agora é necessário o pleonasmo), uma vez que o pensamento reside em fenómenos matéricos. Sem dúvida que o modo como é traduzido também existe, assim como o jeito da sua formação. Tudo isto para acabar na verdade (verdade é diferente de realidade, a última contém todas as primeiras) mais óbvia do universo: Tudo existe. Nada não existe. O virtual existe. (Há quem lhe chame real em potência, eu chamo-lhe representação mimética de algo vívido, tipo pintura hiper-realista, texto ou espelho) Desde já dou os parabéns por antecipação a quem me fizer acreditar o contrário em menos de 10 linhas. Portanto, e em regresso à questão verdadeiramente levantada, aponto um paradigma contraditório (com direito a tese e antítese) do e-Voting que será, em meu ver, aquele que hipoteticamente também poderá ser partilhado com o pensamento. Em questões (como nos habituaram):
Até que ponto é que a democracia é fiável?
Até que ponto posso escolher o que estou a pensar?
Podemos mesmo confiar nessa "Recommendation of the Committee of Ministers to member states on legal, operational and technical standards for e-voting" (Adopted by the Committee of Ministers on 30 September 2004 at the 898th meeting of the Ministers’ Deputies)?
Podemos mesmo confiar em nós próprios, no nosso pensamento?
Ilustrando melhor:
Será que se o código binário puder conter os resultados da eleição substituindo os actuais boletins como (provas corporais), a democracia continua a ser como é? Será mais ou menos corruptível? Como é que o Sr. António que gosta é de tractores pode ter a certeza do eficaz funcionamento da coisa?
Será que se os pensamentos originarem os pensamentos, substituindo a acção ou o contacto imediato que cada vez mais se apodera dessa função, como início e como fim, a aparente sanidade está em segurança? Apressará a recaída mais ou menos? Como é que o Joãozinho que gosta é de curtir pode ter a certeza de que o pensamento como génese de si mesmo é melhor do que ser felliz e não pensar muito sobre isto?
Não confundamos nunca e-voting com e-democratia! Por enquanto parece-me uma questão de fé. Eu gostava muito de saber um pouco mais sobre isso e poder fazer mais do que acreditar...