Comum especificidade do objecto artístico facilmente contradita.
A discussão já tem algum tempo mas não faz mal.
Autenticidade: entenda-se como a caracaterística da obra que a supõe como única. Na era da reprodutibilidade técnica o produto em série é vezes sem conta a matéria prima do objecto artístico.
Segundo, Benjamin, o objecto de culto perde na sua representação, o aqui e o agora que lhe conferem a aura necessária à sua categorização (menos na pintura que não se define como representação mas como o invólucro). Para ele qualquer cópia não transporta o valor de culto que a obra de arte possuiu desde o início. Suportada em valores fortemente antropocentristas, a tese de Walter Benjamin, supõe que não existindo uma presença humana, não há Arte. Eu vou mais longe e afirmo mesmo que não existindo quem disfrute do aqui e do agora e não havendo quem saiba que o verbo haver e o existir são palavras humanas, não existe nada.
Se o estatuto da obra de arte se encontra assegurado nesta premissa, eu vou ali e já volto.
Não é só a obra de arte que necessita de uma presença humana que lhe assegure algum tipo de valor. Também o pinhal do meu avô se encontra na mesma situação.
Assim, para Benjamin, a aura dos ramos das giestas que florescem na zona do Orvalho (Cambas/Castelo Branco), quando interpretada por um talentoso escultor torna-se arte, mas quando fotografada e distribuída perde a possibilidade de ser adorada. Perde o valor de culto e ganha um expositivo. Esse sentido mais democrático impede que a adoração de que uma pintura possa ser alvo, não aconteça num objecto reprodutível pela máquina. A não ser que a imagem seja a de um rosto. O filósofo encontra na representação face humana a última trincheira onde o culto se pode realizar. Numa série de parágrafos articula ideias como saudade, iconoclastia, crime e Paris e legendagem, numa tentativa de explicar que os modos de representação menos nobres questionavam os modelos de acção da arte na altura. Em 1955, ainda a arte estava a dar os primeiros passinhos no terreno do design. Como menina bem comportada cresceu, a mais de 25 frames por segundo, e hoje não se vislumbram as suas extremidades.
O que escapou a Benjamin foram as "estratégias Obey the Giant" (que reproduzem inúmeras vezes a mesma imagem até estar tão divulgada e exposta que adquire um valor de culto, ±). Também lhe escapou o panorâma actual do circuito de consumo e produção. O excesso, faz-nos regressar aos tempos em que o acesso aos bens era restrito porque os meios de comunicação e produção para massas não estavam suficientemente desenvolvidos.
Agora não estamos limitados pela falta de possibilidades de fixação dos momentos, mas estamos congestionados num exagero de gravações. Apenas temos tempo para meia dúzia de cultos e uma música ouve-se uma vez na vida no Táxi a caminho do hospital, enquanto o primeiro filho nasce.
A minha avó Isaura não tem uma pintura do seu primeiro beijo, mas tem uma do Luís Filipe Figo na sala. Para ela sou eu que lá estou representado.
Em suma:
De um recorte do Record pode ser pintada uma tela a óleo e, daí, sempre aparece outra imagem na cabeça de alguém.
Só é arte o que é original.
Tudo o que é original é novo e singular,
Tudo é novo e singular (nada se repete no mesmo local e ao mesmo tempo)
Logo tudo é Arte.
Autenticidade: entenda-se como a caracaterística da obra que a supõe como única. Na era da reprodutibilidade técnica o produto em série é vezes sem conta a matéria prima do objecto artístico.
Segundo, Benjamin, o objecto de culto perde na sua representação, o aqui e o agora que lhe conferem a aura necessária à sua categorização (menos na pintura que não se define como representação mas como o invólucro). Para ele qualquer cópia não transporta o valor de culto que a obra de arte possuiu desde o início. Suportada em valores fortemente antropocentristas, a tese de Walter Benjamin, supõe que não existindo uma presença humana, não há Arte. Eu vou mais longe e afirmo mesmo que não existindo quem disfrute do aqui e do agora e não havendo quem saiba que o verbo haver e o existir são palavras humanas, não existe nada.
Se o estatuto da obra de arte se encontra assegurado nesta premissa, eu vou ali e já volto.
Não é só a obra de arte que necessita de uma presença humana que lhe assegure algum tipo de valor. Também o pinhal do meu avô se encontra na mesma situação.
Assim, para Benjamin, a aura dos ramos das giestas que florescem na zona do Orvalho (Cambas/Castelo Branco), quando interpretada por um talentoso escultor torna-se arte, mas quando fotografada e distribuída perde a possibilidade de ser adorada. Perde o valor de culto e ganha um expositivo. Esse sentido mais democrático impede que a adoração de que uma pintura possa ser alvo, não aconteça num objecto reprodutível pela máquina. A não ser que a imagem seja a de um rosto. O filósofo encontra na representação face humana a última trincheira onde o culto se pode realizar. Numa série de parágrafos articula ideias como saudade, iconoclastia, crime e Paris e legendagem, numa tentativa de explicar que os modos de representação menos nobres questionavam os modelos de acção da arte na altura. Em 1955, ainda a arte estava a dar os primeiros passinhos no terreno do design. Como menina bem comportada cresceu, a mais de 25 frames por segundo, e hoje não se vislumbram as suas extremidades.
O que escapou a Benjamin foram as "estratégias Obey the Giant" (que reproduzem inúmeras vezes a mesma imagem até estar tão divulgada e exposta que adquire um valor de culto, ±). Também lhe escapou o panorâma actual do circuito de consumo e produção. O excesso, faz-nos regressar aos tempos em que o acesso aos bens era restrito porque os meios de comunicação e produção para massas não estavam suficientemente desenvolvidos.
Agora não estamos limitados pela falta de possibilidades de fixação dos momentos, mas estamos congestionados num exagero de gravações. Apenas temos tempo para meia dúzia de cultos e uma música ouve-se uma vez na vida no Táxi a caminho do hospital, enquanto o primeiro filho nasce.
A minha avó Isaura não tem uma pintura do seu primeiro beijo, mas tem uma do Luís Filipe Figo na sala. Para ela sou eu que lá estou representado.
Em suma:
De um recorte do Record pode ser pintada uma tela a óleo e, daí, sempre aparece outra imagem na cabeça de alguém.
Só é arte o que é original.
Tudo o que é original é novo e singular,
Tudo é novo e singular (nada se repete no mesmo local e ao mesmo tempo)
Logo tudo é Arte.
3 Comments:
Excelente!
UAU! Uma opinião! Aposto que não és aluno nas belas artes... Obrigado.
Não, não sou :)
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