O Primeiro Blog de Todos os Tempos!

Antigo FBAUP, FBAUP404

terça-feira, março 28, 2006

na desportiva

Fbaup, na desportiva. Proposta para editorial, de João Roldão, para a futura revista gerida por Virgínia Pinho... (a pedido da gerência, salvaguarda-se que a revista nº1 será composta apenas por editoriais.)


EDITORIAL


Esta revista impunha-se na sociedade portuguesa. Ninguém tinha ainda ousado perspectivar o rolar da bola como uma questão cultural intrínseca de um povo, como tantas outras, e analisado o fenómeno com isenção jornalistica e honestidade intelectual. É imprescindivel tornear o preconceito com o qual se revestiu o gostar de bola. Nós gostamos de bola. E bola é cultura. É este o mote.

Não é possivel ignorar a bola do ponto de vista da fé, dos milhões que gere e gera, da sua «tugalidade». Para o bem e para o mal cá estaremos. Em Portugal mais do que turismo, calçado,vinho,cortiça, ciência ou alta costura, produzem-se bons jogadores, estudiosos treinadores, atentos treinadores de bancada, miticos comentadores televisivos e/ou radiofónicos. Somos bons. De acordo, é preciso melhorar a classe dirigente, exigindo rigor e transparência, mas na mesma medida da necessidade de melhorarmos a eficiência da administração fiscal, os níveis de sucesso escolar, a distribuição da riqueza gerada ou a igualdade de oportunidades no acesso à saúde, à habitação e à educação.

A primeira edição de Bola também é cultura centra-se nas dinâmicas do fanatismo/religiosidade e suas ramificações: a obsessão estatistica do espectáculo desportivo, a História enraizada (e quem sabe adulterada) na memória colectiva, a cor e os símbolos. Um artigo de João Lopes abre um ciclo de reportagens sobre massas associativas portuguesas: uma visita a Matosinhos e ao Leixões. Uma apaixonada pesquisa de Rui Pinto dá conta do caso Calabote.Convidado especial desta primeira edição, Norton de Matos, ex-treinador do Vitória de Setúbal, trincou choco frito à beira do Sado e falou da importância do director desportivo no futebol moderno, capitalista e empresarial.

Procurámos, e procuraremos sempre, a perspectiva portuguesa do tema. Interessa-nos o copo de tinto e os bigodes do Toni, as gaffes linguisticas do Cristiano e as suas ternurentas borbulhas faciais, o recorrente e enraivecido “eu não falo de arbitragens, mas isto hoje foi um roubo de igreja”, a poesia de Gabriel Alves ou o grito sincero e electrizante de Alexandre Afonso no seu relato. Não pretendemos esconder da Europa e dos europeus, antes pelo contrário apetece-nos bradar com orgulho, que somos o único país europeu onde se vendem 650 mil exemplares diários de jornais desportivos.

Vergonha é roubar e mentir.

Bola também é cultura.

segunda-feira, março 20, 2006

in PORTO 2: QUERO FALAR SOBRE MUITOS TEMAS AO MESMO TEMPO

E POR ISSO NÂO CONSIGO FAZER UM ESCRITO DECENTE

Não confundo "cultura com Belas Artes." Esse lapso é mais frequente fora da escola do que lá dentro. Isto então, não é um texto sobre cultura. É sobre o ambiente artístico que se formou no Porto nos últimos anos. Por aqui os mais parvos já acharam despropositada a expressão "ambiente artístico". Podem até ter parado de ler e ter feito um comentário gozão. Sorte a nossa que aprendemos depressa a manter a cabeça erguida em certeza da falta de compromisso que o mundo artístico exibe para os outros mundos culturais e, dir-se-ia, que se apruma mais ainda na farda displicente quando se analisa ou trabalha sobre si mesmo.
Deslocamos os nossos galhardetes para o divertimento sério. No Porto, há orgulho em ser um pouco sábio e por isso triste. Mas tal não se mostra, fica mal e parece pretensioso. Ninguém diz: -Está bonito mas estou triste!. Diz-se: -Gosto bastante do modo como metaforiza a ausência, o eterno falhanço da mediação. Maravilhoso, meu caro.

Nos últimos anos tenho acompanhado grupos de novos artistas lincenciados em pintura, escultura e design de comunicação. Comecei por ir ao Pêssego prá Semana. Sei que já tinha sido um atelier, função que deixou de cumprir, onde três amigos trabalhavam. Pêssego prá Semana é um nome estúpido que eles inventaram quando não tinham nada a dizer e queriam reacção... -Ouve lá... Três vezes quatro Pêssego prá Semana?... (pausa) -Hã?! (assim ou parecido mo disseram...). É um prédio devoluto junto à Igreja da Lapa que ainda hoje mantem um programa de exposições mais ou menos ritmado. Nunca ficou demasiado tempo sem uma exibição. Os pêssegos partilham amizades com os olímpicos. Uns mais, outros menos, uns com os outros, lá se visitaram mutuamente, trocaram artistas, críticos, curadores e muita arte.
O Olímpico foi um espaço expositivo anterior ao Pêssego. Esteve durante a sua existência sediado na cave do Salão Olímpico, um Snack Bar com mesas de snooker e matraquilhos. Na parte de cima, onde estava o bar, inaugurava a filha ou sobrinha do patrão e no piso inferior, estavam os artistas que decidiram fazer as aberturas sincronizadas com as festas mensais de sábado à tarde na Rua Miguel Bombarda. Entretanto pararam de programar apresentações. Alguns já têm galeristas, quase todos se ligaram ao circuito convencional. Existiram e ainda existem muitos outros projectos que têm tido menos visibilidade, para mim... Recentemente vieram os Senhorios com outro espaço, meio casa meio atelier e galeria. A Wasser Bassin que não é mais que uma sala com cerca de 24 metros cúbicos. A parede da Matéria Prima... O sótão do André, mais conhecido como Mad Woman in The Attic. Convivo numa base quase diária com pessoas ligadas intimamente a estes espaços. Estou mais ou menos a par e até contribuo, mas não me apetece nem julgo que deva tentar documentar todas as estórias que por lá passam ou passaram. Era-me impossível. Por estes espaços circulavam e ainda circulam pessoas dedicadas cujas façanhas lhes deram alguma visibilidade. Manuel Santos Maia, é uma dessas figuras incontornáveis do café Belas Artes que não fugiu a esforços para reunir gente artista. Dos seus apontamentos saíram várias exposições colectivas e muitas individuais. Eduardo Matos é outro, Miguel Carneiro, Francisco Roldão, Carla Cruz, Marta Bernardes... Estes e muitos outros têm caldeirões a fervilhar de boa vontade e trabalho. O "name droping" seguiria não fosse a falta de tempo...

Os novos espaços de exposição do Porto foram uma lufada de ar fresco. Em todas as vernissages há cerveja barata, pessoas interessadas e interessantes que falam em coisas que não aparecem nas notícias. Se aparecem, é no Mil Folhas. É bom olhar para as paredes decoradas de arte bonita e sacar um golo da garrafa de Super Bock fresquinha. Trocar a parede por um palco e assistir a um concerto de amigos e conhecidos que até gostam e estudaram música, ou não. A maior parte acredita na bondade, e quase ninguém gosta de teatro. Isso por si é um espectáculo. Apesar de tudo ser demasiado lúdico e irrelevante para a Maria Cachucha, é tudo gente séria, em ebulição.

Há uns anos a maior parte dos artistas que saíam das Belas Artes tinham a certeza que o trabalho não comunicativo era quase sempre bom. Ou pelo menos que, em Arte, não é preciso comunicar. Assim criaram-se códigos inacessíveis, ecriptaram-se piadas e muitos foram ficando solitários, herméticos. Com conversas de galerista venderam umas coisas e lá se foi a atitude coerente dos artistas autistas cheios de lábia pelo cano abaixo. Não ficaram registos nem entendimentos possíveis e apesar de todos os esforços para tirar a arte do museu, encaixotaram-se coisas frescas na despensa. A questão do público arrumou-se e só a muito custo se desenvolviam trabalhos dialogantes, sendo que uma conversa sobre um desenho num guardanapo de papel criava um ambiente de cortar à faca. Nem o público alvo se tinha em consideração.

Mas a nova geração, e somos para aí uns 100, lembra-se disso e cria código decifrável, mutável, fluído, ao mesmo tempo padronizável. Somos amigos e trocamos ideias... Ora vejamos: Duas Pinturas é um nome de duas telas pintadas do Luís Magalhães. As redes da Mafalda Santos são mesmo redes (sociais) e explicam o que acontece. As personagens do André Sousa são citadas. As fanzines do Senhorio trocam artistas e signos com as do Marco Mendes e do Miguel Carneiro. As figuras das novelas gráficas somos nós próprios e o Donald. As composições do João Marçal são desenhadas e/ou redesenhadas por outros. Os loops do Último andam pelo meu disco duro. And so on...
Os exemplos de cumplicidade existem na maioria dos trabalhos novos que se vão expondo e escuso nomear todos. As pessoas sabem o que fazem. Raramente se entende a manha, prefere-se sempre compreender a beleza das/nas coisas. Nada disto é novo e, repito uma frase de outro texto, é tolo aquele que acredita na originalidade como algo que deve tentar alcançar porque o novo é inevitável,blá bá, nada se repete, e agora apetece-me atirar uma cambada de conceitos mais artísticos para o ar: reciclagem, crítica, diálogo, colagem, cópias, amostras, discussão, sobreposição, valorização, anti-iconoclastia, edição, citação, direitos, culto da personalidade, documentação, tradução, identidade colectiva. Já niguém quer saber do segredo. He! He! Estou contente.

O MUNDO QUE NOS CHEGA E O MUNDO QUE FAZEMOS NOSSO

O modo como a evolução tecnológica está a mudar a criação é ainda muito confuso para a maioria dos consumidores. Tende-se a notar o pior. Há quem chame McDonaldização ao processo de construção colectiva de produtos e cultura.
"downloads gratuitos = crime
downloads gratuitos acompanhados de uns golos de Pepsi = liberdade! (...)
Se a Pepsi nos oferecer a Britney Spears lá havemos de gramar a Britney. É grátis." Um anúnico que apoia a música popular, vende Pepsi e promove a livre troca de MP3!
Do que não se fala é do similar processo de criação de códigos. Ninguém diz faca descartável porque uma marca X-Acto a fez em Portugal. Melhor, difundiu-se o Punk associado a um fenómeno de moda (Vivienne Westwood), trabalharam-se os New Order com design gráfico mui belo (Peter Saville). Livraram-se os garotos de dizer a faca descartável, conhecem-se os Joy Division no Japão e os Sex Pistols são famosos até à China. Isto pode enriquecer a ideia de que o processo de criação é melhor sucedido quando se tem em conta um público activo. Quando se repetem as palavras em frase diferentes. Quando nos fardamos de música e dançamos as vestes, ou pintamos flyers e imprimimos pinturas. Os artistas mais malucos, independentes e alternativos percebem o modo como a linguagem é construída mas normalmente constroem-na de modo individual. É aí que a cultura orientada por uma dezena de empresários em mútua vigilância e coordenação bate a cultura local, recheada de talentosos solitários, aos pontos. O esforço colectivo torna-se global e rentável. Em três letrinhas apenas: pop. Porque nos seus recursos, encontram-se infinitas possibilidades de falar do mesmo. De vender a novidade como se fosse única. O mercado liberal atingiu um nível de deslealdade no momento em que um país é criado, e para ser reconhecido, ou ser amigo dos Estados Unidos, tem que abrir o seu mercado de ideias aos produtos audio-visuais dos EUA. É no mínimo absurdo. -Viva! Já somos um país! He! 'bora construir cinemas para ver o Terminator 7!
Raros são os países que podem exportar o seu tomate mais que o ketchup da Heinz vende num dos seus distritos. Isso é mau mas existem soluções, como fizeram em Espanha. Aqui preferimos construir aeroportos e campos de golfe (porque há 20 anos alguém disse que Portugal cresceria muito com o turismo, como se o Dubai não papasse as classes altas e a Bulgária não tivesse casas à venda em deslumbrantes estâncias de esqui por menos de 20 mil contos! Como se Amsterdão com menos de 1 milhão de habitantes e sem Metro, não tivesse mais pessoas em turismo sexual e procura de diversão do que Lisboa. Lá é que despejam os bolsos no comércio local e não nos nossos shoppings, e em Londres e no Egipto e até na Grécia... É que nem Algarves nem campos de golfe ao lado do aeroporto. Quantos recibos pedimos nas noitadas de Portimão e quantos pensam que o Tiger Woods vai pedir? Muito poucos.)
Aqui gostamos de promover a subsidio-dependência da arte, em vez de se venderem todas as instituições culturais... Assim, seríamos pioneiros em mais qualquer coisinha... Tenho a certeza que se privatizássemos o património do Ministério da Cultura à PT poderíamos evitar cabinas telefónicas mal desenhadas e destruídas pelo pobre agarrado que se meteu na droga depois de chumbar à cadeira de Pintura dois anos seguidos. -Arranja-me uns trocos, sócio... Diz que é bom é responder assim: -É pá droga? -Não, estou limpo á 6 meses, é para sopa...
-Então não.
Sinto muito, mas não sinto nada.
Aqui vamos comprar mais um comboio de alta velocidade, que em vez de andar a 240km/h durante 5 minutos, desloca-se a uns inacreditáveis 340km/h! Assim, a população portuguesa poderá chegar a Atocha em cerca de 5 horas enquanto que o avião nos leva ao aeroporto de Madrid em menos de 1 hora e 30 minutos e a Berlim em 4 horas sendo que as tarifas são menos caras. Falta de pragmatismo...
Que vantagens? Parece-me que a principal vantagem deste ambiente é a durabilidade das nossas construções. Ainda temos belíssimas igrejas no Brasil. Acho eu.

MAS ISTO JÁ NÃO TEM NADA QUE VER CONNOSCO

O mundo vive agora a luta entre o consumo aleatório e o consumo da marca. Nunca pensei em afirmar isto: Agora estou pelo consumo da Marca. O Social Individualismo fraqueja e nós no Porto estamos discordantes e sincronizados. A Costura, as Belas-Artes, os Carrinhos de Choque e a Eléctrónica Chata são o mote para evolução cultural e tecnológica. Falo de uma geração educada pela americanização portuguesa que vivemos na década de 90, o espírito caótico e contraproducente pós 25 de Abril, que gosta de gostar. Uma nova emoção, que já residia nos versos de António Variações, que não estava mal ali, mas estava bem onde não estava. Vemos as facilidades e não os obstáculos, e somos honestos. Os portugueses são bons a contornar os esquemas, e sem se aperceberem construiram novos.
Enquanto a populaça se abstém de pensar nisso, o I-Tunes educa as suas crianças que quando não podem ver pornografia, tratam de a fazer. Não acreditamos sequer que nos roubem e forneçam informação editada. É tudo nosso. Ia começar a falar de controlo populacional e gripe aviária e nos vírus mortais como existências deficientes uma vez que o objectivo do parasita é não matar o hospedeiro... mas acho que já me estou a alongar.
Para finalizar: aqui, no Porto não temos medo, pensamos.

segunda-feira, março 06, 2006

in Porto (e tambem queria dizer mal da pouca vergonha, parolice e roubalheira do Baile dos Vampiros, que s'a lixem!)

I live here since seven years, brought to the Fine Art School to learn Communication Design by an exciting need. With almost 1 million habitants next to the mouth of Rio Douro it's the second biggest city in Portugal. But Porto was never a cosmopolitan place to be and I'm not sure if it is right now. When I arrived here for the first time, there were no blacks nor eastern country people, and the only "outsiders" were the students a and a few chinese restaurant owners. Things are changing, and that has to be good because extreme-right-wings are starting to get on my nerves.
Porto grew from lots of small neighbourhoods with their own local rules. Today, the feeling you get when travelling randomly through streets is still similar to the one you get when walking in a very poor interior portuguese village. Or worse, because it comes with places full of junkies, car parkers and homeless people. After a while you have to know when and where to be to avoid being robbed everyday. Keeping an hand on your pocket thinking that there is more good in the world than bad helps you get through the end end of the street with your back straight and upped chin. The growing economic crisis is affecting the middle class and the precarious employment life style is starting to make people go insane.
A Sunday evening in a shopping mall is enough for distinguish all the casts that nobly carry their specific dress codes and transport their original life style to the new social zoos... There, they have a roof... and air-conditioned, Timberland and Nike. That's the normal Porto. I live the shamelessly arty Porto and every weekend we have two new bars, four different openings, ten new club parties, twenty live-acts and fifty new something else. It's too much. It's too much offer to play the same game. And focus can be lost when sitting in the right chair in the right snack bar... The southern European 5 minute café ritual can easily be extended to a three hour conversation on design, plus going for a beer with friends and waking up with another hangover. Making a list of things to do for the day is now the only thing that allows me to keep up to the rhythm of this city. Sometimes I write down the word dinner so that I don't forget to eat, seriously.
I've been five months way, and I lost a big part of the healthy routine I had. But in trade, I learn a better way to use solitude. Today I'm going to post this text and e-mail a recent friend, clean up the living room, lunch in Belas Artes Café at half past noon. I'll sketch some basic furniture to organise CDs while there is nobody there, meet with a teacher at 5 P.M.. One hour later I'l meet that recent-friend and co-worker on a Festival organization to discuss the program with the owner of a cinema/club. I hope to have that done at half past seven, when I'll probably meet my girlfriend on the way back home. I wish I had the time to mail a box to a record shop in Lisboa but I don't. I also should design four covers to two magazines and two books, plus one new house style with logotype and all that jazz. I wish I could write another Nova Emoção song and I wish I could go with my brother to the studios at his school and work with my computer over his drum beats. we will put a show together. I wanted to meet with a friend to exchange some information about my staying in Holland and to know about Porto while I was gone, and meet two friends to talk about the work to an individual exhibition... but I can't. I also have to work on the next VEC album and co-produce an E.P. for a possible CDR release and go to the Erasmus office to check some paper work... I should lose at least an hour listening to music and read an article that doesn't talk about the Oscars. I will not talk about the Oscars, a lot has been said already. I want to e-mail Meinhard and visit the atelier of J. Marçal to see his new china ink strips. I have to free some space in my Hard-Drive and buy nice trousers and I would love to visit my first sex shop to buy a nice little present to spice things up... I should pay the electricity bills but I will be very glad if I have the scheduled things done before meeting Silvina. Wish me luck.

P.S.: By the time I posted this, I was able to read the article, lunch and post this. I got 8 hours left untill I'm exhausted. Good thing I woke up at half past ten.

Sobre a Nova Guerra

Não glorificarei a guerra. Nunca. Sou mais virado para a fala. E não renunciarei o passado. Como primos dos primatas começámos por ter os mesmos privilégios, veio um macaco forte a dar pauladas e Bunga! Criou-se a diplomacia para proporcionar iguais direitos. O pior é que o dom da palavra também serve para hierarquizar e "dar a banhada" ao analfabeto que se vai queixando do pouco que tem deitando a perder o seu valor na passividade da sua retórica.
Ainda agora li um texto sobre os passaportes biométricos, numa revista muito simpática/fanzine de esquerda (?) Cadernos da Insurreição, passo a excertar: "O reino Unido decidiu ficar de fora das provisões de Schengen sobre controlos fronteiriços e imigração e, portanto, não está coberto pelo esquema da UE e é por isso que está a propor-se introduzir os seus próprios "passaportes biométricos". Propõe-se a fazê-lo para Outono de 2006 (para quem peça passaporte pela primeira vez) e, depois, para todas as renovações. Isto implicará o tirar de duas impressões digitais e uma digitalização facial (uma digitalização que detecte e armazene até 1840 características únicas da cara de uma pessoa) e talvez uma digitalização da íris. (...) Está a caminho o novo cartão de saúde da UE que guardará toda a história médica da cada pessoa num chip. Não será disparatado pensar que, nos próximos dez anos, haverá movimentações com vista a conseguir unificar o passaporte europeu, os cartões nacionais de identidade, as cartas de condução e o cartão de saúde num único cartão. As preocupações com a privacidade irão ser trocadas pela comodidade. É, pelo menos, isso que as autoridades esperam."
Quem me conhece sabe que sempre fui um apologista do Big Brother. Preocupo-me com a transparência e com a honestidade e caso necessite abdicarei do secretismo da minha história clínica ou conta bancária. Fá-lo-ei porque sei que existem vantagens. O que não posso nem se pode admitir é que tais dados estejam apenas disponíveis aos departamentos de imposição da lei, como a polícia, guardas fronteiriços, alfândega pessoal da imigração entre outros serviços secretos e/ou de segurança interna. Isso seria um pequeno passo para o Homem e um passo gigante para a Ditadura. Não confio mais neles do que em vocês. Abraços.

sexta-feira, março 03, 2006

Conservação, restauro e o enterro da enterrada - Umas curtas vistas contra-crenças

Existe um rapaz de Paris que anda pela a Europa a pintar, preenchendo sombras de mobiliário urbano (as que existem de noite, sempre no mesmo sítio). Vi trabalho dele em Roterdão, e penso que passou uns tempos no Porto porque ao pé da nossa casa conseguia saber onde ia bater, à noite, a sombra de um sinal de trânsito vertical. Há dias passámos por lá e vimos outro desenho mais abstracto sobreposto à simulação da sombra. Quando há luz do dia contemplamos agora um belo de um passeio cheio de cimento novo e na parede para onde escorria o resto da sombra nota-se perfeitamente um trabalho grosseiro de estucagem e pintura quase Tapiesco. Tudo para tapar a sombra. Esqueceram-se de apagar o candeiro da frente para resolver o problema à noite. Enfim, uma verdadeira bacorada de habilidoso.

Sabiam que... a facção surrealista mais radical queria, nos inícios do séc passado, escavacar a estátua da Joana D'Arc para erguer uma bailarina de cabaret de nome Josephine Baker! Não pois não... Porque não o fizeram.
Agora já só temos é travões e quem ousar partir uma estátua de bronze de um Eusébio para fundir e fazer umas medalhas para a selecção é tolo. Eu bem sei que não há necessidade de fazer dessas coisas irresponsavelmente. Mas discursando prepotentemente para o povo:
Vocemcês estão muito renitentes à mudança... "-internets e num sei quê... Educação sexual nas escolas, abortos, legalizações, drogaria nas farmácias dos senhores doutores, vibradores para a minha filha (Credo!), comércio electrónico, deus não existe mais que um cartoon, grandes curtes nos Morangos com Açucar, clonage dos génesis, músicas com palavrões, grandes e pretos rabos com garotos a imitar rappers, sites pornográficos e turbantes, óculos que dá para ver a gajas nuas, e a suástica e a cruz e o martelo em pinturas da rua..." nem por cima do cadáver da Mari Campilha. -Arranje uma vida minha senhora em vez de andar para aí a parir que nem um coelho e a explicar às suas crias como o mundo é mau.
Fiquei piurso num domingo em que demoraram 4 ou 5 horas a desenterrar e voltaram a enterrar uma santa velhinha em três dos quatro canais generalistas portugueses. Ela passou a vida toda numa casa a rezar e a ser alimentada (nem para comprar pão saíu, a beata).
Perdoem-me os modos boçais e os erros de escrita que por aqui possam estar
mas é que às vezes irrita-me, a maré.

quinta-feira, março 02, 2006

No meio do mato!

"A Radar e a Oxigénio começaram a emitir via web." in mailing LUST #198
Os macacos vão trocando de galho enquanto a malta vai tentando plantar uma árvore com elevadores: Ástato Portugal Media. As sementes só agora se estão a enterrar. Se decidirem investir numa edição e gastar 5 euros num CDR saibam que um dia essa edição valerá mais que um CD de fado eletrónico. A que publicámos em Junho de 2005 foi adquirida durante algum tempo por 3 euros, depois 5, e já não se encontra por menos de 10 em lado algum. Se ouvirem e não gostarem, esperamos que um dia gostem.