quarta-feira, julho 27, 2005

Vale tudo menos ganhar ou perder.

Em tempo de guerra, Portugal cá continua enterrado na crise sem capacidade para enviar tropas suficientes para ocuparem uma ou duas pocinhas de petróleo. E ainda bem. No entanto o português pensa no assunto e há até quem tenha a infelicidade de se ver obrigado a pensar em familiares que por lá andam. Eu não tenho niguém conhecido no Iraque, mas isso também me permite estar irritado. No EUA recrutam garotos de famílias pobres oferecem-lhes estudos e ordenado.
À parte das dificuldades económicas que possam pressionar um jovem a fazer a guerra (porque ela ainda (por pouco tempo) não se faz sem pessoas), existe também o factor estupidez-suficiente-para-empenhar-uma-arma-premir-o-gatilho-sabendo-que-o-pai-a-mãe-os-filhos-e-os-amigos-da-"baixa"-vão-sentir-muitas-saudades.
A imbecilidade não é característica exclusiva dos militares que estão no terreno. As mais altas patentes dos exércitos dão o exemplo. Assim como os políticos que em conferências aprovam por decreto uma guerra sabendo que nunca terão de montar o cavalo. É precisamente nesta casta que surgem as situações mais aberrantes. São sempre fruto de boas intenções, mas a guerra não se faz disso.

Apesar de não saber muito de história da liça, "diz que disse" que guerra ocidental tem um espírito nobre, a japonesa tem um je ne sais quoi de samurai, a africana tem um carácter mais banal e a muçulmana é de natureza cobarde. So they say...

Assim nós, ocidentais, decidimos criar regras para a guerra de modo a que nos entendamos todos quando nos prepararmos para cortar as cabeças do inimigo mau. Antes de mais: não valem minas. Depois, também não são permitidas armas nucleares por dá cá aquela palha... As armas químicas não são legais e à miníma suspeita, zás-trás! Basta as chamuças cheirarem a Sarin para destruímos a vossa civilização, diz o gajo d'Alfama. Cada vez que puserem uma bomba artesanal avisem com algum tempo de antecedência para malta desactivar o engenho. Ok? É como fazem os do IRA e da ETA. Custa assim tanto a perceber a nobreza? Os prisioneiros de guerra devem ser tratados com paninhos quentes e água benta. E se quiserem decapitar alguém que seja com a nossa guillotine, para não experrinchar muito tempo...
A lista continua como se o guerreiro contemporâneo fosse mais civilizado que o macaco.
Por isso se quiserem andar à bulha com a malta do ocidente, só podem usar paus afiados, fisgas, pistolas, espadas, canhões, catapultas, cocktails molotov... enfim, artilharia leve e pesada que não deixe marcas permanentes.

Alguém que nos diga que guerra é guerra. Alguém que nos faça compreender que ela nunca é inteligente, nobre ou qualquer outro adjectivo qualificativo, seja com minas ou com armas ultra-sónicas.


Vale sempre a pena relembrar.