O design, o designer... e o resto?
Enfim, equadrando o design numa moldura antropológica consigo identificar três vertentes indissociáveis que podem conferir critérios de avaliação ou pelo menos adjudicar uma noção de consciência/ética/moral (por ordem decrescente de pertinência) ao trabalho desenvolvido por um designer. Dois desses campos têm sido frequentemente discutidos e são: o cultural e o social.
Hoje, na sociedade ocidental o design é um índice de cultura. Ele potencia significados e preconceitos exercendo simultaneamente uma acção "pedagógica" que permite ao utilizador enquadrar-se numa sociedade, sendo livre de escolher a informação, o código e a cultura que melhor jeito lhe fizer. A compreensão do contexto social em que o acto de comunicação se vai inserir permite ao designer retirar frutíferas conclusões e desenhar/designar um produto que não seja patológico ao utilizador.
O terceiro factor é de natureza biológica e pode ser averiguado pelas ciências da saúde. Por outras palavras, um produto feito por um designer não deve causar doenças e muito menos retirar vida. Se relacionar este campo com os outros dois, posso mesmo questionar o famoso design de qualidade da Suástica invertida ou, sendo menos megalómano, os pictogramas de casa de banho de um centro comercial que me obrigam a usar fraldas.
Quando vejo um designer pensar estes três factores equilibradamente e conceber com maior facilidade um objecto que os cumpra, consigo dizer que não estou na presença de um mau designer.
Hoje, na sociedade ocidental o design é um índice de cultura. Ele potencia significados e preconceitos exercendo simultaneamente uma acção "pedagógica" que permite ao utilizador enquadrar-se numa sociedade, sendo livre de escolher a informação, o código e a cultura que melhor jeito lhe fizer. A compreensão do contexto social em que o acto de comunicação se vai inserir permite ao designer retirar frutíferas conclusões e desenhar/designar um produto que não seja patológico ao utilizador.
O terceiro factor é de natureza biológica e pode ser averiguado pelas ciências da saúde. Por outras palavras, um produto feito por um designer não deve causar doenças e muito menos retirar vida. Se relacionar este campo com os outros dois, posso mesmo questionar o famoso design de qualidade da Suástica invertida ou, sendo menos megalómano, os pictogramas de casa de banho de um centro comercial que me obrigam a usar fraldas.
Quando vejo um designer pensar estes três factores equilibradamente e conceber com maior facilidade um objecto que os cumpra, consigo dizer que não estou na presença de um mau designer.
4 Comments:
Bases pouco sólidas?
Pensamos sempre que estamos num porto, mas, para todos os casos, estamos em alto mar.
Dizem-me que este relativismo é de evitar, dizem-me que tenho de ter os pés bem assentes em chão firme. Achas que se eu não estivesse em paz comigo mesmo, com as coisas bem resolvidas na minha cabeça, tinha coragem para a abrir a boca. Quando estiver inseguro, não me verás preocupado com causas tão pantanosas como a consciência profissional, ou com baixios de corais como a arte, por isso vou aproveitando o vento em popa para seguir caminho, lançar bóias de marcação, e simular desorientações para ir sendo guiado pelos céus.
Felizmente, tenho alguns astrolábios guardados.
P.S.: Desculpa as metáforas à poeta rasca.
A minha dúvida é a seguinte:
Num mundo onde o design não tenta conferir um determinado conteúdo qualitativo a uma forma correspondente, em vez disso, procura revestir a total irrelevância do conteúdo com uma aura de importância secundária e indica uma função para além do seu vínculo à matéria, isto é, acrescenta uma imagem à mercadoria, onde os produtos são associados a sentimentos e/ou a um status social, valores que lhes conferem vida e remetem o homem para a condição de objecto, sem vontade própria e com o poder de decisão controlado pelos mídia. Num mundo onde sonhos e invenções pessoais são reprimidos pela imaginação da mercadoria baseada em clichés, onde o design já não diz respeito ao produto, mas o produto anuncia a fama do design. Não terá o Nazismo, Hitler, o anti-semitismo e a "publicidade" dos seus actos atrozes anunciado a qualidade da suástica como símbolo gráfico?
Ana
A minha resposta é a seguinte:
Não.
Num mundo onde o design tenta conferir uma determinada forma correspondente por semelhança, arbitrariedade ou por consequência a um conteúdo qualitativo, mas por vezes, infelizmente, reveste a total irrelevância do conteúdo com uma aura de importância, e cria uma função para aquém do seu vínculo à necessidade, isto é, acrescenta uma imagem à mercadoria, onde os produtos são associados a sentimentos e/ou a um status social, valores que lhes conferem vida e remetem o homem para a condição de possuidor de objectos, com vontade própria e com o poder de decisão muito controlado pelos mídia. Num mundo onde sonhos e invenções pessoais são reprimidos pela imaginação da mercadoria baseada em clichés para potenciar novos clichés, onde por vezes o design já não diz respeito ao produto e de vez em quando o produto até anuncia a fama do designer, o Nazismo, Hitler, o anti-semitismo e a "publicidade" dos seus actos atrozes delimitaram fortemente o campo de acção de um produtor de significados, e significantes minímamente cosnciente de que forma e função não são tudo no design.
Ana
Mas são muita coisa...
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