O Primeiro Blog de Todos os Tempos!

Antigo FBAUP, FBAUP404

quinta-feira, outubro 28, 2004

De volta ainda com o pingo no nariz e com o latim mais gasto do que o seixo do Pinhal.

Já tenho aqui um pedaços de papel da casa de banho. Vou ver se aguento mais algum tempito do que no meu anterior "post".
Recapitulando e continuando:
"(o comprador/espectador) ...pode mesmo ditar sobre a existência do artista enquanto isso, e da obra de arte enquanto arte. Por outras palavras, se o comprador preferir, e achar que lhe daria mais "status", comprar um seixo da zona do Pinhal moldado pelo rio Zêzere, o artista morria de fome e consequentemente peça de arte não cumpria a sua função social."

Por outras palavras (tentando não cometer nenhuma falácia e prometendo a ausência de sufismos):
Como todos os outros conceitos e ciclos, como todas as outras sistematizações, ideias, imagens, palavras, narrativas, a arte não passa de uma construção mental humana. Se algum parvo achar que tudo é arte, essa ideia passa a existir. Citando as sábias palavras de Paradocsiére de la Palisse: "Não sabemos da existência de tudo, mas sabemos que tudo existe."
Voltando agora à realidade social, acredito piamente que há duas formas de ser respeitado por ser artista. A primeira é por conhecimentos e por trabalho, leia-se, tendo muitos amigos críticos, comissários, donos de museus, galeristas, jornalistas, fotógrafos e ao mesmo tempo ir desenvolvendo trabalho que seja validado por eles. A segunda é tendo algum dinheiro para fazer coisas bizarras, muito grandes, ou muito pequenas, internéticas, ou cirúrgicas aliando-se de algum modo à tonteria ou à ciência (está de volta a velha máxima: "ars sine scientia nihil").

Filosofia de bolso ou a Verdade de La Palisse?

Alguns chamam-lhe "postart", outros teimam em continuar a falar de pós-modernismo, os mais fiéis ficam-se por arte contemporânea, enquanto outros situam-nos no relativismo total.
A História como ciência humana aprendeu a distanciar-se do momento presente analisando e comentando a jeito de "press-release" os eventos pelo menos 20 anos depois de eles terem acontecido. Enquanto isso acontece e não acontece, os críticos de arte portugueses não perdem tempo e lançam mão à obra nos jornais de domingo, também em jeito de comunicado de imprensa.
Já os críticos estrangeiros redobram esforços para tentar compreender em que paradigma nos encontramos. A labuta destes últimos cai nas boas graças dos artistas portugueses que se apoiam nos neologismos criados pelos novo-filósofos para poderem continuar a mandar piadas uns aos outros nas conferências.
Se se tentar reduzir o sistema das artes ao essencial restam três factores: o artista, a peça, e o comprador. Não tenho a menor dúvida que destes três agentes, o mais importante é aquele que literalmente decide a validade e valor dos outros dois, ou seja, o comprador/espectador. Ele pode mesmo ditar sobre a existência do artista enquanto isso, e da obra de arte enquanto arte. Por outras palavras, se o comprador preferir, e achar que lhe daria mais "status", comprar um seixo da zona do Pinhal moldado pelo rio Zêzere, o artista morria de fome e consequentemente peça de arte não cumpria a sua função social.

Mudando de assunto: estou constipado e preciso de me ir assoar.
Talvez continue depois.

terça-feira, outubro 26, 2004

Formula 2.2

Formula 2.2, em Serralves, de Ryoji Ikeda foi um espectáculo que mudou a minha maneira de encarar um palco, um ecrã e um músico. Este compositor japonês, apresentou 1 dia depois da inauguração de Paula Rego a fase em que se encontra este seu último trabalho. Já tinha alguns albúns dele mas não sabia que ia ser assim:
Não estava ninguém no palco. O público estava sentado no auditório e as luzes apagaram-se. Apareceu um rectângulo cinzento escuro (que deveria ser preto) oriundo de um projector situado no topo do espaço em que nos encontrávamos. Lentamente foi subindo de amplitude um sinal sonoro com frequências quase inaudíveis de tão altas (entre 14 a 16 Khz). A aplitude era modulada por uma frequência bem mais lenta que dava ao som um ar menos maquinal. Em "fade in" surgiu um linha horizontal branca que ocupava o ecrã de uma ponta à outra. 1 ou 2 minutos depois entrou pela margem esquerda um linha vertical branca que se movimentou rapidamente até ao centro, altura em que foi disparado para o público um "strobe", situado acima do ecrã, sicronizado com um piiiiii que reverberou durante alguns segundos (desculpem a onomatopeia mas é mais fácil explicar assim). Escusado será dizer que toda gente que tinha os olhos abertos ficou cega durante algum tempo, ouvindo.
A situação complexificou-se com o aparecimento de novas sinusoidais que gradualmente desciam o tom até a minha cadeira tremer com os subgraves que saíam das colunas. Durante todo o tempo em que ali estive não parei de ser surprendido, confundido pelas relações, mais ou menos básicas, respectivamente, que se podem criar entre som e imagem. Cheguei mesmo a assustar-me com uma quebra do ruído branco (TFFFFFFFFFF) quando subitamente passou para um quase silêncio. O silêncio e a calma só podem existir quando nos habituamos à constância. Por outras palavras tudo o que se ouve sempre, é silêncio.
Recomendo a peça a todos os amantes de música, e não pensem que é uma daquelas intelectualices só para quem tem paciência. Em Formula 2.2 é simplesmente impossível não sentir o som. Uma experiência sinestésica a não perder.

(in)formation

olá malta da facul! tá tudo?
aqui vai just some information, it´s what's going on na capital!

DOCLISBOA na CULTURGEST- O único festival de cinema em Portugal exclusivamente dedicado ao documentário. Esta segunda edição tem uma programação forte: sete dias de projecções em regime intensivo. 24>31 OUTUBRO

JAMES COLEMAN no MUSEU DO CHIADO- inaugura dia 28 deste mês

e por agora é tudo meus caros, of corse, que se passa muitas mais coisas...

domingo, outubro 24, 2004

Fazemos progressos

Abandonar, não abandonámos, mas ao menos, já andamos para a frente.


Estudantes de Belas Artes Abandonam FAP
Sábado, 23 de Outubro de 2004

A Associação de Estudantes da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (AEFBAUP) decidiu suspender a sua actividade na Federação Académica do Porto (FAP), acusando este organismo de "castrar" os princípios democráticos e defender "os interesses pessoais" dos elementos da sua direcção.
O presidente da FAP, Nuno Reis, diz-se "surpreendido" com a decisão e rejeita as acusações. Numa carta aberta enviada ontem ao PÚBLICO a presidente da AEFBAUP, Fernanda Torre, defende que os esforços demonstrados pela FAP para manter activa a luta estudantil "têm sido escassos" e refere que "a censura também já se fez sentir".
O documento, saído de uma Assembleia Geral de Alunos, denuncia a existência de elementos da FAP que nas eleições para órgãos nacionais retiram credenciais, logo o poder de voto, a associações, para que estas não votem contra a posição da federação. "São acusações ridículas e sem fundamento", responde Nuno Reis.

in Público, 23 de Outubro

sexta-feira, outubro 15, 2004

hum hum

A faculdade pode mudar mas não é por obra e graça do espírito santo, mas sim pelo esforço dos alunos. Mais do que uma instituição a faculdade é um conjunto de alunos que de alguma forma se tentam fazer ouvir no mundo artístico ou do design. Ora sem espaço para publicações internas é nos dada a possibilidade de entre nós passarmos informações, seja por fanzines (actividade desaparecida nesta faculdade) ou através de em simples blog. No caso dos blogs foi criado o fbaup, que tencionava ser esse mesmo espaço de partilha de informações entre os alunos havendo assim uma maior aproximação entre eles. Um blog possibilita o compartilhar de textos e imagens de trabalhos dando a oportunidade dos colegas de criticar (sim, criticas construtivas), e dialogar sobre aquilo do que aqui se faz. Não foi assim. O blog iniciou-se como mais uma parede de wc. Mas vejo que a participação de alguns alunos(falo das pessoas que se identificam e que assim desejam dar credibilidade ao que escrevem) aponta para que isso seja assim.

Olhe, desculpe, a Net tem dono?

Porquê, queres comprar?

Disseram-me ontém que uma das possíveis tendências de desenvolvimento dos veículos de informação poderá passar pelo apelo ao consumidor comum (que agora tem um P.C. e um Minidisc) que abdique do seus discos de fixação de informação. Prevê-se que com o avanço tecnológico das ligações "wireless", a velocidade de transmissão de dados suba de tal modo que será possível descarregar um filme em "tempo real" do filme de um servidor/antena que cuja função seria divulgar conteúdos. Assim, eu poderia, com uma contribuição simbólica, ouvir um albúm no dia em que ele saía para o mercado não podendo no entanto gravá-lo porque tinha ficado tão entusiasmado com as notícias, que já não tinha gasto 300€ num disco externo. Ora para o consumidor comum isto são óptimas notícias. Para os criadores de produtos culturais a coisa já não é bem assim.
Se se tiver em consideração a noção de propriedade intelectual, adivinho para esta hipotética situação um mais fácil controlo da informação que circula. Posso pensar que se os génios que estão por trás da legislação dos direitos de autor entrassem em conversações com os maiores produtores de "software" para, por exemplo, criarem uns neologismos do tipo: espécie de servidor autorizado ou secretaria da fiscalização de conteúdos, a liberdade de informação a que assisto hoje poderia entrar em declínio.
Este é um cenário um pouco catastrófico e mais não digo em relação a supostas conspirações até porque confio nos hackers e crackers europeus e japoneses.

Propriedade Intelectual?

Tenho ideia de que a primeira oficialização da noção de direitos de autor surgiu em aquando da realização de uma exposição universal de engenhos, engenharias e engenhocas. Os organizadores desse evento prometeram aos participantes que as suas inovações não seriam plagiadas ou reproduzidas. Curiosamente foi por volta desta altura que surgiu o conceito de design. É pacífica a aceitação da ideia de que a primeira tendência de design moderno foi um acto de socialmente consciente, facto este que permitiu que as suas atitudes originassem novas reflexões de década para década, de local para local. O Arts and Crafts assentou nos modos de produção manuais para construir peças únicas, lutando deste modo contra uma produção industrial que começava a "escravizar operários" que passavam o dia a repetir a mesma flexão de membros superiores. Era então um movimento de design de esquerda.
Na 1ª aula de Grafismos Especializados falou-se de um mapa da pirataria onde Portugal estava pintado de vermelho assim como a China e mais alguns países de terceiro mundo. Os Estados Unidos estavam azúis e os países do norte da Europeu também tinham cor de céu. Sabendo que a principal fonte de capital dos E.U.A. é a venda de direitos de autor, ficou na minha cabeça um dilema: será que lhes devemos seguir o exemplo e temos de aumentar a fiscalização às cinematecas, discotecas, empresas farmacêuticas e outras empresas, associações ou até mesmo privados? ou será que nos devemos insurgir contra propriadade intelectual, abdicando de alguns direitos que temos agora em nome da liberdade de todos?
Para o meu caso já resolvi o problema: vou ripar, copiar, plagiar... Apropriar-me-ei da informação que me interessa enquanto posso. A Guerra do Conhecimento já não é só na TV nem nos meios impressos. A grande batalha está a chegar e só vai lutar quem souber que ela existe.
Um amigo disse-me que alguém disse: "Tudo pertence a quem o melhore."

Abraços.

quinta-feira, outubro 14, 2004

Garantia de segurança apertada no «clássico»

O Benfica garantiu esta quinta-feira que o jogo frente ao FC Porto, no próximo domingo (19.15 horas), está a ser planeado ao pormenor, no que diz respeito à segurança.
Em estreita colaboração com a PSP - ainda esta manhã houve uma reunião no Estádio da Luz -, os responsáveis do Benfica garantem que estarão no terreno grande número de agentes policiais e de assistentes de recintos desportivos, garantindo assim a segurança dos cerca de 65 mil adeptos esperados no Estádio da Luz para assistir à partida que gere maior interesse na sexta jornada da SuperLiga.
Assim, apela-se para que todos cheguem com antecedência ao recinto, de forma a evitar aglomerações junto às três barreiras de segurança que serão criadas à entrada, que será possível a partir das 16.45 horas.
Aos adeptos do FC Porto, e apesar da polémica criada em torno da cedência de ingressos, os responsáveis do Benfica reservaram o habitual sector do estádio destinado às claques das equipas adversárias, ou seja, junto ao túnel norte de acesso ao relvado, entre as bancadas PT e Coca-Cola.

Fire in the disco!!!

Parece, meus caros bloggistas, que uma orgia se inaugurou na F.B.A.U.P. Os actores e actrizes porno são anónimos alunos e a vaselina são os professores... Ora, não me parece justo que os nossos caros docentes sejam usados desta maneira, sem poderem disfrutar um orgasmo que seja!
Seus tiranos! Numa orgia todos devem ser comunistas!

Fica a repreensão,

Obrigracias pela atenção.

segunda-feira, outubro 11, 2004

n0panic.blogspot.com

Não podem ver nada, querem logo fazer melhor. É certo que tem objectivos diferentes, um público alvo menor e participações das estrelas da "calçada" cizenta do passeio da Rodrigues de Freitas.
Há 4 anos não queria estar no Porto e pedi aos gritos a um senhor para me deixar ir estudar para o Fundão via Internet. Obviamente o pedido foi negado porque não havia precedentes que tivesse dado origem a uma reflexão sobre esta matéria.
Sinto que estão a ser dados os primeiros passos no 4º ano de Design de Comunicação.
O link está em mestres.

sábado, outubro 09, 2004

O Imago e a minha petulância indigente.

Saí do carro e encontrei uns tipos alemães de seu nome Puppetmastaz. Estava no Fundão. Andei 5 metros e vi o Herbert a arrumar as malas. Fui para casa, jantei voltei a sair. No espaço de projecção de filmes e curtas metragens não me serviram no bar, a Dani Siciliano cravou-me um cigarro tentou fazer conversa de circunstância comigo e com um amigo meu que não a estava a reconhecer. Dei-lhe um cigarro, virei-lhe as costas e fui ver um espectáculo de fantoches que se passava no Casino. Tentei ver as marcas das roupas dos bonecos para mandar uma piada neste post, mas agora não me apetece. Deixo isso para o meu amigo Eduardo Sardinha e para todos os outros que tinham free-pass. Fui depois para o Lux da Beira Interior em que o English se tornou nesta semana. Estava lá um dos donos da Flur a fazer passagens com outro D.J.. Fui à casa de banho e encontrei um rapaz parecido com o Gomo que me deu o "e-mail" e dois jovens realizadores de Estugarda que me deram um "sticker".
Aproveitei os últimos momentos de sobriedade para dançar três temas de pista menos houzeiteiros, que me fizeram tentar gostar do set. Não consegui. Fui acordar o António que estava a dormir nos sofás. Não consegui e roubei-lhe três SGs nas barbas do director das de Vila do Conde. Saí com o Pedro da discoteca e decidimos ir a pé até à Santa. Começou a chover. Quando parou regressámos, já depois de amanhecer.


Hoje, estou num festival de música digno de um fim de semana banal no Porto mas que nos intervalos passa umas curtas para relaxar. É no Fundão e arrepio-me. Não sei se é vergonha ou orgulho. Vou lá ver a festa de encerramento, apático.

Imago no Fundão...

quinta-feira, outubro 07, 2004

Foda-se estenso: Word diferences between Mac and Windows. (!)

"A escrita já não é vista como o resultado de uma coisa anterior. (...) é a criação de uma linguagem por uma linguagem."
António Ramos Rosa

Word on the Macintosh is basically Word for Windows re-compiled to run on the Mac. It's not just "compatible". It's not just "like" Word for the PC. It is Microsoft Word, the same one Microsoft makes for every platform.

The cost and number of person-hours spent developing Word is mind-boggling. It's well over a billion dollars, and there are well over ten thousand person-years of effort in it. Making a new one just for the Mac would have been so expensive that a copy of Word would cost several thousand dollars. You might buy two at that price, but the rest of us couldn't afford it!

Because it is the same software, and Microsoft has a policy of bringing the two versions closer together, the differences will become less over time. Essentially, each version on the PC is matched a year later by a version on the Mac (Microsoft is trying to reduce that gap, but the Mac Business Unit has to wait for the Windows Office Business Unit to "finish" their version before MBU can finalize theirs).

sexta-feira, outubro 01, 2004

Duplu | 1º Dia

Começou com uma actuação de 1 hora de Pure. O meu azar é que é muito fácil fazer piadas sobre estas secas a que já me habituei. Há disto em todo o lado: nas apresentações que acontecem no final de cada ano de Desenho Gráfico, nas peças de dança contemporânea ou de teatro, nas performances de alunos de escultura e pintura, num lançamento de uma nova edição Crónica, até dentro do meu frigorífico... Decididamente, a música dele não tinha um carácter experimental. Apesar disso há quem se convença disso e de muito mais: "Pure comes from the world of techno, where his beats became more and more abstract and in the meantime even elusive. A wonderful example of his bleak sound fantasies (fed from his work in techno, industrial, musique concrete and ambient) is his last CD, "Noonbugs" (mego)..." blá blá blá... O que é que isso interessa quando houve quem no final do concerto fosse a correr para casa tomar uma Migra Aspirina. Em frente. Seguiu-se (Donacha Costello na sua vertente Avant-Garde) Modul. O homem é realmente camaleónico. Pela Force Inc disfarça-se de Sistol com tiras de Kit Clayton, pela Minimise muda para uns tons mais Pop Up (50% Modernist + 50% Antonelli), pale Raster-Noton adopta uma indumentária Noto (visual e acusticamente). Enfim, um tipo perspicaz e talentoso capaz de fazer sombra a qualquer um que toque na mesma noite.
Depois vieram os Producers. Confesso que não sou grande fã de experimentalismos que não tenham sentido didáctico, mas o concerto deles diparou para direcções que me fazem admitir que ali há muitos apontamentos de considerável importância. Não são os pormenores "glicth" em si, nem os sons com excesso de volume per si. Não são só as amostras de ultra-sons, assim como não são os lugares de Hana Bi nem os "kicks" variados. Tudo junto funciona e a sensação final é que estive perante uma das combinações de sons e de estruturas mais bizarras que vi nos últimos anos.
Parece-me que aquele é um dos verdadeiros sentidos da experimentação sonora. Os Producers têm com eles a cicatriz deixada pela geração deles e têm a mais bela das inocências de quem vive uma elegante vontade de continuar a criar com sentido autocrítico e humor.
Abraços.